Francisco alerta para risco de grupos fechados em «estruturas caducas» dentro da Igreja
Cidade do Vaticano, 19 mai 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco desafiou hoje a sociedade contemporânea a abrir-se à “novidade” de Deus que a transforma e alertou para os riscos de haver grupos fechados em “estruturas caducas” dentro da Igreja Católica.
“Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade”, disse, na homilia da missa a que presidiu na Praça de São Pedro, concluindo o encontro mundial de movimentos, comunidades e associações de leigos.
O Papa admitiu que a novidade “causa sempre um pouco de medo” e que isso acontece “também quando se trata de Deus”.
“Temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes”, alertou.
Nesse sentido, Francisco convidou os presentes a aceitarem as “surpresas de Deus” e a não se fecharem “em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento”.
Segundo o Vaticano, a iniciativa reuniu cerca de 200 mil pessoas, desde sábado, numa celebração inserida no programa do Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), convocado pelo Papa emérito Bento XVI.
Para Francisco, é preciso fugir ao perigo de “uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto”.
O Papa argentino evocou a celebração do Pentecostes, a festa do Espírito Santo, e o seu “dinamismo irresistível” nas primeiras comunidades cristãs.
O Papa realçou que, por vezes, o Espírito Santo “parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons”, defendendo que “unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia”.
“Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização”, avisou.
A homilia deixou um apelo final à ação dos católicos nas “periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo”.
OC