Um «vírus cruel» que ameaça os tempos de descanso e em família, diz Francisco
Cidade do Vaticano, 12 ago 2015 (Ecclesia) – O Papa lembrou hoje no Vaticano os “milhões de homens, mulheres e também crianças” que são neste tempo “escravos do trabalho”, durante a habitual audiência pública com peregrinos de todo o mundo.
Durante a sua intervenção, na Ala Paulo VI, Francisco abordou em especial a situação das famílias, cujos tempos de festa, de descanso e convívio são postos em causa pela “ideologia do lucro e do consumo”.
“A obsessão pelo lucro económico e pela eficiência da técnica metem em risco o ritmo humano da vida”, apontou o Papa argentino, lembrando que o descanso e a festa “são momentos em família, no meio da engrenagem produtiva”.
E por isso “fazem muito bem”, acrescentou.
No que diz respeito ao domingo, e ao facto de ele hoje estar cada vez transformado em mais um dia de trabalho, Francisco frisou que se trata de um tempo “sagrado porque recorda aos homens e mulheres que foram feitos à imagem e semelhança de Deus, o qual não é escravo do trabalho, mas antes Senhor”.
“O tempo de repouso, sobretudo o dominical, destina-se a podermos apreciar aquilo que não se produz nem se consome, que não se compra nem se vende”, recordou.
O Papa criticou uma mentalidade economicista que “quer devorar também o descanso”, atualmente “tantas vezes reduzido a um negócio, a um modo de ganhar e de gastar dinheiro”.
“Mas é por isto que trabalhamos? A ganância do consumismo, que leva ao desperdício, é um vírus cruel que, entre outras coisas, faz-nos chegar ao fim mais cansados do que antes. Prejudica o verdadeiro trabalho e consome a vida. Estes ritmos desregulados do descanso fazem vítimas, sobretudo entre os jovens”, alertou.
Durante as próximas audiências públicas com os peregrinos, Francisco vai continuar a abordar as dimensões que marcam o quotidiano das famílias, como a festa, o trabalho e a oração.
JCP