Visita de Bento XVI à Áustria tem um cunho marcadamente espiritual Bento XVI chega esta manhã à Áustria para uma visita de três dias, uma peregrinação espiritual marcada pela visita ao Santuário Mariano de Mariazell, um dos mais importantes da Europa, por ocasião do seu 850.º Aniversário. O avião que transporta o Papa partiu de Roma há cera de hora e meia e deve aterrar pelas 11h15 (hora local, menos uma em Lisboa). À partida, o Papa falou do momento simbólico desta tarde, na Juden Platz, monumento às vítimas do Holocausto, referindo que o seu gesto que mostrar “a nossa tristeza, arrependimento e a amizade com os irmãos hebreus, para seguir em frente nesta união no diálogo”. Antes de entrar no avião, Bento XVI explicou que encara a viagem como uma “peregrinação” e que, por isso, não haverá momentos explícitos de encontro com representantes de outras confissões. Apesar disso, indicou, “o diálogo com os outros cristãos ou com os muçulmanos está sempre presente nas nossas intenções”. “Parto para confirmar as pessoas na fé, porque hoje temos necessidade de Deus e uma vida sem Deus não tem orientação: o relativismo relativiza tudo, o bem e o mal já não se conseguem distinguir”, referiu. Depois de seis viagens dentro da Itália e seis fora do país (Colónia, Polónia, Valência, Baviera, Turquia e Brasil), o Papa apresta-se para chegar à Áustria como um peregrino, numa visita particularmente emotiva. Bento XVI passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade alemã perto da fronteira com a Áustria, a 30 quilómetros de Salzburgo. Por isso mesmo, na mensagem que enviou aos jornais diocesanos da Áustria, o Papa confessa amar “as paisagens maravilhosas da vossa pátria” e recorda “as paisagens da minha infância”, bem como a sua paixão pela “grande cultura austríaca e as pessoas amáveis do seu país”. Como objectivos da viagem, contudo, Bento XVI coloca as questões do presente: “Os conflitos e as perguntas de um tempo que se torna cada vez mais veloz; a labuta da fé e do ser cristão, na convivência entre as diversas culturas e tradições”. Na mensagem, o Papa fala do “coração” mariano da Áustria, representado pelo santuário de Mariazell, e revela: “Na capela privada aqui em Roma, há uma cópia de Nossa Senhora de Mariazell, que o Papa João Paulo II trouxe do Santuário. Quando recito o breviário ou me detenho em oração na capela, olha-me a benévola face da Mãe de Deus de Mariazell e também eu percebo aquele sentimento de confiante abandono que a amada figura de São José transmite ao Menino Jesus”. A viagem de Bento XVI à Áustria decorrerá de 7 a 9 de Setembro, por ocasião do 850.º aniversário da fundação do santuário mariano de Mariazell, a sudoeste de Viena. O Papa chega a esta pequena estação de montanha, a 870 metros de altura, por ocasião da festa litúrgica da Natividade da Virgem Maria (8 de Setembro). Mariazell, com cerca de dois mil habitantes, é um santuário construído no coração da Áustria, a 160 quilómetros a sudoeste de Viena, recebendo um milhão de habitantes por ano, provenientes da Áustria, da Hungria, da República Checa, Eslováquia, Eslovénia e Croácia (http://www.mariazell.at). O Papa recitará na manhã da Sexta-feira, dia 7, uma oração no centro da capital austríaca, numa paragem que inclui uma visita simbólica junto ao monumento pelas vítimas da Shoah. Posteriormente, haverá um encontro com as autoridades locais e o corpo diplomático no Palácio de Hofburg. No Sábado, dia 8, o Papa peregrinará de Viena a Mariazell, onde presidirá uma Missa onde se espera a presença de fiéis da Áustria e vários países da Europa central. À tarde, Bento XVI celebrará as vésperas com sacerdotes e seminaristas. No Domingo, 9 de Setembro, o Papa celebrará uma Missa na catedral de Santo Estêvão, no centro de Viena, e recitará o Angelus na praça em frente à igreja. O regresso a Roma acontece na tarde desse dia. O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Papa sublinha que esta viagem, subordinada ao tema “Olhar para Cristo”, procura fomentar as “atitudes fundamentais da fé”, num país em que a Igreja procura sair de um período de grandes dificuldades. Foto: LUSA