Papa mostra «grande preocupação» com a situação no Médio Oriente

Bento XVI convoca jornada de oração pela paz e pede esforços contra tragédia humanitária Bento XVI voltou a manifestar hoje a sua preocupação perante o agravamento da situação no Médio Oriente. Num comunicado oficial, divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé, é adiantado que o Papa convoca para o próximo Domingo, 23 de Julho, “uma jornada especial de oração e penitência” pela paz. Afirmando que o Papa “segue com grande preocupação o destino de todas as populações interessadas”, o comunicado refere que Bento XVI convida “todos os pastores e fiéis das Igrejas locais, bem como os crentes de todo o mundo, a implorar a Deus o dom precioso da paz”. O Papa deixa claro que “os libaneses têm o direito de ver respeitada a integridade e a soberania do seu País, os israelitas têm direito de viver em paz no seu Estado e os palestinianos têm direito a ter a sua Pátria, livre e soberana”. Desde que, na semana passada, se iniciou a ofensiva israelita contra o Líbano, já morreram cerca de 300 pessoas, na sua maioria civis. As organizações católicas e humanitárias neste país têm alertado a comunidade internacional para a possibilidade de uma “catástrofe sem precedentes” devido ao agravamento das condições de vida da população, que foge aos bombardeamentos. Em particular, Bento XVI faz votos de que a anunciada jornada de oração consiga “o imediato cesar-fogo entre as partes, permitindo, quanto antes, a instalação de corredores humanitários, de forma a poder levar ajuda às populações em sofrimento”. O Papa espera ainda que se iniciem “negociações razoáveis e responsáveis” para colocar um ponto final às “situações objectivas de injustiça” existentes na região. A última palavra do comunicado é para as organizações caritativas, pedindo-lhes que “ajudem as populações atingidas por este conflito impiedoso”. O Líbano tinha ontem pedido à Santa Sé que fizesse pressão por um cessar-fogo. Segundo a imprensa italiana, o filho do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri – assassinado num atentado no ano passado -, Saad Hariri, encontrou-se com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano. A Igreja Católica tem estado a acompanhar a evolução da situação e o Papa Bento XVI já expressara a sua preocupação na oração do Angelus do passado Domingo. O Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, afirmou depois em Roma que “a comunidade internacional e as Nações Unidas, em particular, são chamadas a promover o diálogo e a paz entre as partes em conflito”. A intervenção internacional deverá ocorrer “sem demora e antes que o conflito alastre, assumindo dimensões difíceis de controlar”. O Papa falaria aos jornalistas, após a declaração proferida pelo líderes do G8, que se mostraram dispostos a colaborar com as Nações Unidas para afirmar a paz no Médio Oriente, particularmente para a salvaguarda das resoluções 1559 e 1680 do Conselho de Segurança, relativas ao Líbano. Bento XVI manifestou o seu apoio a esta posição. As preocupações do Vaticano ligam-se também à implicação dos movimentos fundamentalistas islâmicos (Hamas e Hezbollah) neste conflito, facto que poderá provocar a entrada de Estados como a Síria e o Irão e levar a uma reacção ainda mais dura de Israel. Outro ameaça referida tem sido o risco do emprego de armas nucleares ou de destruição em massa. Crianças O jornal do Vaticano denunciou em primeira página, na sua edição de 20 de Julho, que as principais vítimas do conflito do Médio Oriente são as crianças. A edição quotidiana em italiano de «L’Osservatore Romano» dedica a sua capa a três amplos artigos, nos quais informa sobre a escalada de violência na região. O jornal constata que “as crianças estão a sofrer as consequências mais duras do conflito” e declara que o impacto afecta os pequenos palestinianos, libaneses e israelitas. A posição é fundamentada num estudo da organização humanitária “Save the Children”, publicado na semana passada. No Líbano e em Gaza, explicava o relatório, as crianças não só são vítimas directas da violência (em alguns ataques, 50% dos mortos ou feridos foram crianças), mas também têm de suportar a carência cada vez maior de medicamentos, de assistência médica, de comida e de água. Na Galileia, a população está obrigada a passar dias inteiros em pequenos refúgios por causa dos ataques. O ataque mais grave foi registado em Nazaré, onde morreram duas irmãs, de três e nove anos, quando brincavam na rua. Ontem, mais de 60 civis morreram em Tiro, Nabatiyeh e no vale do Bekka, sul do Líbano, por ataques israelitas que chegaram pela primeira vez ao bairro cristão de Beirute.

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Agência ECCLESIA

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