Bento XVI deixou este Domingo uma dura condenação da recente onda de violência em Gaza, lembrando centenas de “vítimas inocentes”, em especial “as crianças, idosos e mulheres”. O Papa falava na recitação do Angelus, na Praça de São Pedro, apelando aos fiéis de todo o mundo para que rezem pelo sucesso de todos os esforços que visam “pôr um ponto final na tragédia” e se chegue a uma paz duradoura. Bento XVI disse seguir com “profunda apreensão” as notícias que chegam da Faixa de Gaza, convidando a “recordar ao Senhor as centenas de crianças, pessoas idosas, mulheres, vítimas inocentes da violência inaudita, bem como os feridos e todos os que choram pelos seus entes queridos e os que perderam os seus bens”. “Convido-vos a acompanhar com a oração os esforços que numerosas pessoas de boa vontade estão a realizar para deter a tragédia. Espero vivamente que se saiba aproveitar, com sabedoria, das hipóteses em aberto para restabelecer a trégua e encaminhar-se para soluções pacíficas e duradouras”, acrescentou. O apelo do Papa surge no primeiro dia do cessar-fogo decretado por Israel, após 22 dias de uma operação mortífera na faixa de Gaza. O movimento islamita Hamas, que controla a faixa de Gaza desde Junho de 2007, anunciou igualmente um cessar-fogo algumas horas depois dos israelitas, dando o prazo de uma semana ao Estado hebreu para retirar as suas tropas do território palestiniano. Bento XVI quis encorajar todos os que “de um e de outro lado, acreditam que na Terra Santa há lugar para todos, para que ajudem os seus a emergir das ruínas e do terror, retomando corajosamente o fio do diálogo, na justiça e na verdade”. “É este o único caminho que pode efectivamente abrir um futuro de paz para os filhos desta querida região”, acrescentou. Migrações e ecumenismo O Angelus teve ainda momentos dedicados a outros temas, tais como a semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no Hemisfério Norte se celebra de 18 a 25 de Janeiro. O Papa convidou todos a rezar, nestes dias, mais intensamente, para que os cristãos caminhem de modo decidido para a plena comunhão entre si. “Dirijo-me especialmente aos católicos espalhados pelo mundo, para que – disse Bento XVI – unidos na oração, não se cansem de actuar para superar os obstáculos que ainda impedem a plena comunhão com todos os discípulos de Cristo”. “O compromisso ecuménico é ainda mais urgente hoje em dia, para dar à nossa sociedade, marcada por trágicos conflitos e dilacerantes divisões, um sinal e um impulso para a reconciliação e a paz”, prosseguiu. Neste Domingo, a Igreja Católica celebrou o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados. De entre as saudações aos diferentes grupos de fiéis presentes na Praça de São Pedro, Bento XVI não esqueceu os representantes das comunidades migrantes católicas que vivem em Roma. “Na Igreja, vós não sois estrangeiros nem hóspedes, mas fazeis parte da família de Deus. Tratai de inserir-vos bem na comunidade eclesial e civil, com a riqueza da vossa fé e das vossas tradições”, afirmou. Antes da recitação do Angelus, o Papa lembrara a responsabilidade de evangelização que cabe à Igreja e a cada um dos cristãos, bem como o dever de “transmitir a mensagem de amor de Jesus especialmente a quantos ainda o não conhecem ou que se encontram em situações difíceis e dolorosas”. No caso concreto dos migrantes – observou – a realidade que estes vivem é “sem dúvida variada: nalguns casos, graças a Deus, é serena e bem integrada; outras vezes, infelizmente, é penosa, difícil, se não mesmo dramática”. “Desejaria assegurar que a comunidade cristã olha com atenção para cada pessoa e para cada família, e pede a São Paulo a força de um renovado impulso para favorecer, em todas as partes do mundo, a convivência pacífica entre homens e mulheres de diferentes etnias, culturas e religiões”, indicou. Aos católicos de todo o mundo, o Papa recordou que “cada um de nós, segundo a própria vocação está chamado a testemunhar o Evangelho onde se encontra e vive, com uma atenção ainda maior aos irmãos e irmãs que dos outros países, por diversos motivos, viveram até ao meio de nós, valorizando assim o fenómeno das migrações como ocasião de encontro entre as civilizações”. “Rezemos e actuemos para que isto aconteça de modo pacífico e construtivo, no respeito e no diálogo, pondo de lado qualquer tentação de conflito e de abuso”, disse ainda. Uma última evocação foi feita aos homens do mar e pescadores, que vivem uma situação de “acrescidas dificuldades, com restrições para desembarcarem e para acolherem a bordo os capelães e enfrentando até mesmo os riscos da pirataria e os prejuízos da pesca ilegal”. Exprimindo-lhes a sua proximidade, Bento XVI fez votos de que, “nas actividades de socorro no mar, a sua generosidade seja recompensada com maior consideração”. (Com Rádio Vaticano) FOTO: Lusa