Papa lembra tragédias dos imigrantes no Mediterrâneo

Bento XVI fala das mortes ocorridas na semana passada, no dia em que se encontrou com jovens de todo o mundo O Papa apelou à União Europeia para uma acção coordenada com África para evitar mais tragédias no Mediterrâneo, recordando com “grande pesar” os “irmãos e irmãs africanos, que há poucos dias encontraram a morte no Mar, quando procuravam alcançar a Europa”. Na semana passada ocorreu o afogamento de mais de 200 pessoas, que se encontravam a bordo de um barco sobrelotado, ao largo da Líbia. “Não nos podemos resignar com tais tragédias, que infelizmente há muito que se repetem! As dimensões do fenómeno tornam cada vez mais urgente a existência de estratégias coordenadas entre a União Europeia e os estados africanos bem como a adopção de medidas adequadas de carácter humanitário para impedir que esses emigrantes recorram a traficantes sem escrúpulos”, apontou, este Domingo. “Ao rezar pelas vítimas para que o Senhor as acolha na sua paz, quero também sublinhar que este problema agravado agora pela crise global, só encontrará solução quando as populações africanas, com a ajuda da comunidade internacional, se libertarem da miséria e das guerras”, acrescentou, na recitação do Angelus. O Papa referira antes a celebração, a 4 de Abril, da Jornada de sensibilização sobre o problema das minas anti-pessoais, promovida pela ONU. A dez anos da entrada em vigor da Convenção para a rejeição total destas armas, e após a recente abertura à assinatura da Convenção para a interdição das bombas de fragmentação, Bento XVI deixou um pedido. “Desejo encorajar os países que ainda o não fizeram a subscreverem, sem mais tardar, estes importantes instrumentos do direito internacional humanitário, aos quais a Santa Sé sempre deu o seu apoio. Exprimo também o meu apoio a toda e qualquer medida que vise garantir a necessária assistência às vítimas dessas armas devastadoras”, declarou. Na Missa de Domingo de Ramos, que deu início à Semana Santa, o Papa aludiu à celebração do Dia Mundial da Juventude, dada a presença de jovens da Austrália – país que acolheu as últimas jornadas mundiais – e de Espanha, que acolhe a próxima em 2011. Na Praça de São Pedro foi feita a passagem da Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que partirá para a capital espanhola, a partir de onde iniciará uma longa peregrinação através das dioceses do país vizinho. Presentes na Praça de São Pedro estavam os 150 delegados – bispos, padres e leigos, que nos últimos dias participaram em Roma no encontro internacional sobre as JMJ, organizado pelo Conselho Pontifício para os Leigos. Bento XVI fez notar que tem assim início o caminho de preparação para o próximo encontro mundial, em Agosto de 2011, sobre o tema “Radicados e fundamentados em Cristo, firmes na fé”. Como é tradição, foi no final desta Missa de Ramos que os jovens australianos, provenientes de Sidney, fizeram a entrega da Cruz das JMJ a uma delegação de jovens espanhóis. Uma “passagem de testemunho” com um valor altamente simbólico. Na homilia da celebração, ao comentar o episódio da entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pela multidão que canta “Bendito o Reino que vem”, Bento XVI interrogou-se sobre o verdadeiro significado deste “Reino” que Jesus nos trouxe: “Mas nós, compreendemos verdadeiramente a mensagem de Jesus, Filho de David? Compreendemos que coisa é o Reino de que nos falou no interrogatório diante de Pilatos. Compreendemos o que significa que este Reino não é deste mundo? Ou porventura desejamos, pelo contrário, que seja deste mundo?”. Entre as variadas saudações aos grupos de jovens presentes, não faltou uma em língua portuguesa: “Queridos jovens de língua portuguesa, alegro-me convosco porque pusestes a vossa esperança no Deus vivo, em Cristo ressuscitado. Se vos alimentardes de Cristo e viverdes imersos n’Ele, não podereis deixar de falar d’Ele, de O dar a conhecer aos vossos amigos. Habitados por Cristo, espalhai esta esperança ao vosso redor. Ide e acendei a esperança. Acompanho-vos a todos com a minha oração e a minha Bênção”. O Papa acrescentou, diante de milhares de peregrinos, que “quem pretende ter a sua vida para si, viver só para si mesmo, atar tudo em si explorando todas as possibilidades – é precisamente esta pessoa que perde a vida. Esta torna-se aborrecida e vazia. Só no abandono de si mesmo, só no dom desinteressado do eu a favor do tu, só no sim à vida maior, própria de Deus, é que também a nossa vida se torna ampla e grande”. “Sem sacrifício, não existe uma vida realizada. Se lançar um olhar retrospectivo sobre a minha vida pessoal, devo dizer que os momentos grandes e importantes da minha vida foram precisamente aqueles em que disse sim a uma renúncia”, atirou. (Com Rádio Vaticano)

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