Bento XVI aludiu ao início da II Guerra Mundial e deixou votos de paz
Bento XVI lembrou esta Quinta-feira os “horrores” da II Guerra Mundial, em especial o Holocausto, durante um concerto de música clássica organizado em Roma para lembrar o início do conflito, há 70 anos.
“A guerra, querida pelo nacional-socialismo, afectou muitos povos inocentes da Europa e de outros continentes, enquanto o Holocausto feriu o povo judeu, alvo de um extermínio programado”, afirmou o Papa no final do concerto “Os Jovens contra a Guerra”.
O actual Papa lembrou o seu predecessor Pio XII, que governou a Igreja Católica entre 1939 e 1958: “Pio XII lançou emocionados apelos à razão e à paz, mas infelizmente ninguém conseguiu deter esta enorme catástrofe”.
Em especial, foi lembrada a radiomensagem do dia 24 de Agosto de 1939 – na iminência do começo da Guerra -, em que Pio XII afirmava: “Nada se perde com a paz, tudo pode ser perdido com a guerra!”.
Bento XVI falou ainda da queda do muro de Berlim, há 20 anos, um acontecimento que representa o final dos regimes totalitários comunistas do leste europeu. “A queda do muro demonstrou que as liberdades fundamentais não podem ser reprimidas e sufocadas por muito tempo”, indicou.
Segundo o Papa, “é necessário que construamos juntos a verdadeira civilização, que não se baseie na força, mas que, pelo contrário, seja fruto da vitória sobre nós mesmos sobre a injustiça, o egoísmo e o ódio, que podem desfigurar o homem”.
No acontecimento, além do presidente da república italiana, Giorgio Napolitano, participaram também os membros da II Assembleia Especial para a África, do Sínodo dos Bispos.
A orquestra alemã InterRegionales JugendsinfonieOrchester, composta por jovens procedentes de 15 países e dirigida por Jochem Hochstenbach e Wolfgang Gönnenwein, interpretou músicas de Gustav Mahler e Félix Mendelssohn-Bartholdy, dois compositores de origem judaica que se tornaram cristãos (o primeiro, católico e o segundo, protestante).
Após a apresentação do cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Bento XVI interveio para afirmar que “esta noite traz à nossa memória a tragédia da II Guerra Mundial, dolorosa página da história marcada pela violência e pela desumanidade, que causou a morte de milhões de pessoas, deixando os vencedores divididos e uma Europa por reconstruir”.
“Recordar aqueles tristes acontecimentos deve ser uma advertência, sobretudo para as novas gerações, a não ceder jamais à tentação da guerra”, declarou o Papa.
Bento XVI disse que “a Europa e o mundo inteiro têm sede de liberdade e de paz” e que o movimento de diálogo inter-religioso “pode contribuir para construir a paz, trabalhando com os judeus e com todos os crentes”.
O concerto foi organizado pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo, apoiados pela Embaixada da Alemanha na Santa Sé e pela Europäisches KulturForum de Mainau, com o patrocínio do Comité Judaico Internacional para as Consultas Inter-Religiosas.