Papa lembra «dignidade» do matrimónio entre homem e mulher

Audiência em ambiente natalício volta ao tema da «ditadura do relativismo»

Bento XVI voltou a pronunciar-se esta Quarta-feira sobre a temática da ditadura do relativismo, que tem marcado o seu pontificado, afirmando que “apenas são conformes à equidade as leis que tutelam a sacralidade da vida humana e recusam a licitude do aborto, da eutanásia e das experiências genéticas, as leis que respeitam a dignidade do matrimónio entre homem e mulher”.

O Papa disse ainda que uma correcta laicidade do Estado “comporta sempre a salvaguarda da liberdade religiosa”.

Bento XVI apresentava, na sua catequese, a figura de João de Salisbúria, do clero de Cantuária, na Inglaterra, que foi também estudante e professor em Chartres (França), diocese em que se tornou bispo, de 1176 até à sua morte, em 1180.

Evocando o pensador do século XII, o Papa lembrou que João de Salisbúria falava numa “tirania do Príncipe”, o que Bento XVI disse ser hoje uma “ditadura do relativismo”, que “não reconhece nada como definitivo e deixa como medida última apenas o próprio eu e as suas vontades”.

Numa audiência geral que já decorreu em ambiente natalício, na sala Paulo VI, do Vaticano, o Papa condenou a separação entre a razão e a liberdade, defendendo que a razão tem por missão “descobrir os valores éticos ligados à dignidade da pessoa humana” e que a liberdade tem “a responsabilidade de os acolher e promover”.

Já em português, o Papa disse que “relendo as obras de João de Salisbúria, na Inglaterra, passados novecentos anos – ele viveu no século XII – vemos o homem de hoje a braços com desafios e problemas idênticos aos de então. Por exemplo, comunicar muito e dizer pouco”.

“Muitos, nos nossos dias, pensam que a razão pode ter opiniões, mas não certezas; e, menos ainda, certezas comuns a todos. Defendem que tudo é relativo. Mas não! Segundo João, o nosso teólogo e bispo, existe também uma verdade objectiva e imutável, que tem a sua origem em Deus e foi, por Ele, semeada nas suas criaturas”, apontou.

Essa verdade, acrescentou, “é acessível à razão humana e tem a ver com a vida prática e social. Trata-se de uma lei natural, na qual se devem inspirar as leis positivas da sociedade para promoverem o bem comum”.

A audiência decorreu numa sala já decorada com o estilo e as cores do México, com imagens feitas em vidro e estanho, sob uma árvore de 4,5 metros.

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Agência ECCLESIA

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