Num encontro em Milão com sacerdotes e consagrados, Francisco pediu coragem e alertou contra uma evangelização «aborrecida e triste»
Milão, 25 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco encontrou-se hoje na Catedral de Milão com centenas de sacerdotes e membros da vida consagrada, numa iniciativa integrada na visita que está a realizar àquela arquidiocese italiana.
De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, durante o evento o Papa argentino respondeu a três questões dos participantes, a primeira relacionada com a evangelização, como preservar sempre a “alegria” e a fidelidade a essa missão.
“Evangelizar é uma alegria”, salientou Francisco, que exortou os membros do clero e da vida consagrada a pedirem a graça de não cairem num anúncio “aborrecido e triste”.
“O evangelizador triste é aquele que não está convencido que Jesus é alegria, que traz alegria, e que quando chama alguém à missão desafia à mudança de vida, dá a essa pessoa a alegria, envia-a na alegria, mesmo nos momentos de cruz”, frisou o Papa.
Na sua intervenção, Francisco reconheceu os “inúmeros desafios” que hoje são colocados à missão da Igreja Católica, quer dentro da própria estrutura eclesial, das suas comunidades, quer também na relação com a sociedade.
O Papa frisou no entanto que “não há lugar para lamentos” ou “para ter medo” dos obstáculos, pois eles sempre marcaram a história da Igreja Católica e das comunidades cristãs, que mais de dois mil anos depois ainda prosseguem o seu caminho.
“Os desafios devem ser encarados como se faz com um touro, agarrados pelos chifres, sim?”, disse Francisco, acrescentando que o maior temor da Igreja deve ser o de “cair numa fé sem desafios” ou horizontes, porque se considera “plena, completa”.
Nunca está “tudo feito” e “os desafios ajudam a afastar aquela mentalidade fechada e definitiva”, de onde irrompem as “ideologias”, e ao mesmo tempo “abrem a uma compreensão mais ampla dos factos revelados”, salientou o Papa.
Depois do encontro com os sacerdotes e membros da vida consagrada da Arquidiocee de Milão, o Papa saiu para o exterior da Catedral, onde rezou perante uma multidão de pessoas a oração do Ângelus e concedeu a todos a sua benção.
“Caros irmãos e irmãs, agradeço-vos por esta receção calorosa aqui em Milão. Obrigado pelo vosso afeto e peço-vos que rezem por mim”, declarou o Papa argentino.
Na agenda do Papa argentino seguiu-se uma visita à prisão de San Vittore, que incluou um almoço com cerca de uma centena de reclusos.
Na parte da tarde, Francisco celebrou missa no parque de Monza, situado a 15 quilómetros de Milão, uma celebração que segundo a arquidiocese milanesa contou com a presença de pelo menos 450 mil pessoas.
A visita do Papa a Milão terminou depois com um encontro com jovens recém-crismados no Estádio de San Siro, que contou com a presença de 78 mil pessoas.
JCP