Presidente do Centro Nacional de Cultura analisa também perseguição aos cristãos
Lisboa, 27 dez 2013 (Ecclesia) – Guilherme d’Oliveira Martins comenta a “lufada de ar fresco” que tem sido o Papa Francisco com as suas ações, palavras e o encontro com os outros que fazem rever comportamentos da Igreja pelo exemplo e experiência.
“O Papa Francisco tem sido essa lufada de ar fresco e tem procurado aproximar-se das pessoas, é o sinal mais importante que não podemos deixar de salientar. Há ainda um longo caminho e o Papa tem consciência disso, por isso é que nos documentos que tem apresentado tem tido essa preocupação”, explica Guilherme d’Oliveira Martins que assinala os primeiros passos de um pontificado como “sinais de grande esperança”.
Para o presidente do Centro Nacional de Cultura, a forma como Francisco se coloca, as suas palavras e o encontro com os outros faz rever muitos comportamentos da Igreja porque o seu exemplo e experiência “são absolutamente fundamentais”: “Lembramo-nos do que diziam dos primeiros cristãos, olhem como eles se amam e é preciso esta ideia de Igreja aberta ao mundo, de partida para o mundo”.
Nos sinais de esperança, Guilherme d’Oliveira Martins destaca a colegialidade que o Papa “tem referido com particular ênfase”, como a necessidade de uma desclericalização da Igreja; o papel da mulher na Igreja “que tem salientado e tem-no dito com muita clareza, um papel que obriga a uma reflexão teológica”.
“Temos de reler os evangelhos e designadamente essa complementaridade extraordinária entre Marta e Maria. Esses dois exemplos são fundamentais para toda a Igreja, para toda a humanidade e é extraordinariamente importante que o Papa Francisco tenha posto com grande rigor e serenidade mas sentido de fraternidade esta ideia de sinodalidade, colegialidade, partilha de responsabilidades, reflexão teológica sobre a promoção de todos”, desenvolve o presidente do Centro Nacional de Cultura.
Uma ideia de caminho “muito presente na reflexão” da primeira exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), onde ser exemplo e “partilhar” com os outros abertamente as “preocupações de justiça e de paz é indispensável”, acrescenta.
Nesse sentido, Guilherme d’Oliveira Martins destaca as preocupações com a liberdade de consciência e a liberdade religiosa que a Igreja tem “afirmado com muita clareza” porque sem liberdade religiosa “não há paz”.
“Várias reflexões dizem-nos que a paz no mundo tem de ser a paz entre as religiões, entre os povos e as culturas e o Papa tem-no afirmado com muita clareza e é absolutamente fundamental”, prossegue.
Guilherme d’Oliveira Martins comenta também a perseguição aos cristãos, nomeadamente no Médio Oriente e em África onde não acredita que haja uma ação concertada para os expulsar mas explica que “o grande risco” que existe, neste momento, é o “risco global da perseguição à paz”.
“A perseguição dos cristãos é algo que se insere num conjunto muito preocupante relativamente à preservação da liberdade, da justiça e da paz. A perseguição dos cristãos ou de quaisquer fiéis de qualquer religião afeta fortemente o valor fundamental do cristianismo a dignidade da pessoa humana que é inviolável e que é universal”, conclui o presidente do Centro Nacional de Cultura.
PA/CB