Papa Francisco: Milhares de pessoas despedem-se «de uma referencia ética e de esperança» – Octávio Carmo (c/vídeo)

Vaticanista da Agência ECCLESIA afirma importância do tempo de «despedida e homenagem serena» 

Foto EPA/Lusa, Homenagem ao Papa Francisco

Lisboa, 24 abr 2025 (Ecclesia) – O vaticanista Octávio Carmo disse hoje que as filas que conduzem as pessoas para se despedir do Papa Francisco ilustram o adeus “do povo que se sentiu próximo” e que “caminhou” com ele durante o pontificado.

“Muitos vão despedir-se de uma referência, de uma referência ética, de uma referência de esperança, de alguém que, me, na humanidade em geral e na sua capacidade de fazer melhor”, traduz o chefe de redação da Agência ECCLESIA.

O Vaticano informou hoje que cerca de 50 mil pessoas passaram já junto ao corpo do Papa Francisco, em São Pedro, desde que esta quarta-feira a Basílica abriu as portas para as homenagens e despedida, 13 mil entre a meia-noite e as 05h30 locais.

“É uma multidão mais ou menos anónima, mas que é constituída de pessoas reais, concretas, com nome, com cara, com histórias, e estas histórias vão-se cruzando, às vezes um pouco espontaneamente, porque a fila é relativamente longa – há muito tempo de espera – pessoas que vão mais numa atitude de oração, outras que sentem a necessidade de procurar quem as escute, partilhar histórias, perceber que impressões é que as pessoas partilham daquela figura, como é que ela as impactou, o rastro que deixou na vida delas”, dá conta em entrevista ao programa ECCLESIA, emitido na RTP2.

O funeral do Papa Francisco vai ser celebrado este sábado, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.

Octávio Carmo explica que haverá um cortejo a partir da Praça de São Pedro até à Basílica de Santa Maria Maior, local onde o Papa vai ser sepultado, num percurso que dista cerca de cinco quilómetros e que o vaticanista prevê “muito impactante”.

O jornalista fala na importância de dar tempo para que o foco se centre nestes dias em “despedidas e homenagens serenas”, para que “todos tenham a oportunidade de se despedir do Papa”.

“Nós estamos a viver uma fase que é sobretudo uma fase de interregno e de despedida. Até sábado, aquilo que vai ocupar muito as atenções, é tudo o que tem a ver com o último adeus ao Papa Francisco. A preocupação é que, até objetivamente, corra tudo bem, que todas as pessoas tenham a oportunidade de se despedir de um Papa que foi muito importante para elas”, valoriza.

O tempo que se abrirá na Igreja, após as exéquias e os nove dias de luto, vai permitir “perceber que momento é que a Igreja Católica vive e que projeção é que ela deve ter em relação ao seu futuro próximo”.

“Não se apenas de um perfil de um Papa – até porque o perfil que se veio a revelar do Papa do Papa Francisco era completamente diferente do perfil que ele tinha enquanto arcebispo do Buenos Aires, mas antes o que se procura para a Igreja; que continuidades é que são necessárias, que ruturas é que são necessárias, e que caminhos de consenso é que são possíveis estabelecer para que se continue num rumo que é definido”, apresenta.

Octávio Carmo reconhece que no processo se irá perceber “se a voz do Papa se vai calar com a morte de Francisco” ou se a voz de Francisco “se vai multiplicar nas várias vozes da Igreja”.

O vaticanista indica duas dinâmicas – relacionadas com as “relações internas, onde se percebem as várias comunidades católicas” e as “estruturas de decisão” – e a dimensão geopolítica que incide sobre “o papel da Igreja Católica no mundo, a defesa dos direitos humanos e de quem não tem voz perante conflitos e interesses económicos”.

As duas dinâmicas são “complementares”, indica o jornalista, no caminho para “criar consensos, definir rumos e, depois, quem conduzirá esse rumo”.

LS

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