Sem medo das perguntas, Francisco «ultrapassa as barreiras da Igreja – Cinco vaticanistas estiveram juntos para «Contar a Igreja a partir de Roma»
Roma, 25 jan 2025 (Ecclesia) – A vaticanista espanhola Eva Fernández disse hoje que trabalhar no Vaticano e acompanhar o Papa é “uma aprendizagem diária, uma aventura e uma surpresa constante” e valorizou a sua capacidade de dar “igual importância às pessoas”.
“No mesmo dia, Francisco recebeu o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, e uma menina autista acompanhada pelos pais. Parece que não temos tempo para nada, mas o Papa encontra tempo para o importante e para as grandes batalhas”, afirmou a jornalista da rádio Radio Cope.
Darío Menor, jornalista do jornal diário La Razón, um meio de informação não religioso, é vaticanista desde 2007, e considera que informar em contextos mediáticos diferentes é “desafiante” porque falar sobre o Papa é falar sobre uma figura que “ultrapassa a religião” e “supera as barreiras da Igreja”.
“É quase um sacerdócio”, reconhece.
Sobre os desafios de «Contar a Igreja a partir de Roma», o vaticanista espanhol indica que a Igreja tem uma “mensagem tão boa”, mas “comunica mal”.
“A Igreja tem de ter menos medo dos meios e perceber que eles são uma oportunidade”, indicou.
A celebração do Jubileu para o «Mundo dos Comunicadores» juntou na tarde de sábado, numa organização da Conferência Episcopal de Espanha, cinco vaticanistas que falaram sobre a sua experiência de acompanhar o Papa, num dos encontros «Diálogo com a cidade», que decorreu na Aula Giubileo de LUMSA, em Roma.
A capital italiana recebe, até domingo, milhares de jornalistas de 138 países, incluindo Portugal, no primeiro grande evento do Ano Santo, que incluiu uma audiência com o Papa, esta manhã.
Valentina Alazraki, jornalista e escritora mexicana e a mais experiente entre os presentes, lembra-se de ter começado a trabalhar com “filme” e que hoje o tempo foge sem dar lugar à reflexão.
A vaticanista mexicana começou este trabalho com João Paulo II e indica que Francisco é um Papa “mais do que gestos e abraços” e sublinha a importância da “proximidade”.
“Ele é uma revolução, ele explica como o Evangelho chega à terra. Ele mostra que tudo pode ser uma porta santa e que estas portas não se abrem só em Roma”, indica.
Javier Brocal, correspondente do jornal ABC, indica que o Papa comunica não com discursos mas com gestos e que não tem medo de responder às perguntas.
“Ele procura o contacto físico, ele sai e fica a escutar”, explica.
Elisabetta Piqué, correspondente do diário La Nación de Buenos Aires, começou a acompanhar o Papa João Paulo II e desde então registas “grandes mudanças”.
“É Francisco que usa da transparência para dar as notícias. Percebemos isso com as questões da sua saúde. Ele mesmo diz: vou ser internado ou vou ser operado”, indica.
Ser vaticanista, “um trabalho que deve ser feito com honestidade, é apaixonante”.
A jornalista argentina recorda o cardeal Jorge Mario Bergoglio “tímido” que não dava entrevistas, mas que ultrapassou essa timidez – “hoje dá vários títulos” e “escandaliza pela normalidade”.
“Após uma entrevista, recebi um telefonema seu e pensei: «Ai, o que será que escrevi?» Mas ele queria apenas agradecer a entrevista”, recorda.
“Francisco é a revolução. Ele reformou a Cúria. Agora há uma mulher prefeita (prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica). O Papa que está a tentar transformar a Igreja, está a fazer a tal Igreja hospital de campanha”, finaliza.
LJ/LS