Numa audiência à Guarda de Finanças italiana, com ações de vigilância financeira, de fronteiras, polícia marítima e salvamento, Francisco pediu que ajudem à construção de um «novo humanismo» e procurem o sorriso das «crianças e dos idosos»
Cidade do Vaticano, 21 set 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco criticou hoje o “desperdício alimentar”, a fome no mundo e o fabrico de armas cujo investimento é desviado sem combater as desigualdades.
“Como explicar a fome no mundo atual, quando há tanto, tanto desperdício nas sociedades desenvolvidas? Isto é terrível. E outra coisa: se deixassem de fabricar armas durante um ano, a fome no mundo acabava. Mais valem armas do que resolver a fome….”, afirmou Francisco num encontro com a Guarda de Finanças, por ocasião do seu 250º aniversário.
O Papa criticou a “lógica” que “afeta a vida social, provocando desequilíbrios e marginalizações”, focando o “desperdício alimentar”: “Isto é um escândalo, o desperdício alimentar, é um escândalo! – até à exclusão dos cidadãos de alguns dos seus direitos”.
A Guarda das Finanças é uma polícia especial italiana que, subordinada ao ministro de Economia e das Finanças, promove a vigilância financeira e de defesa das fronteiras, tendo assumido tarefas de polícia fiscal e económico-financeira, de polícia marítima, com uma importante missão no domínio do salvamento, tanto no mar como nas montanhas.
“O vosso serviço não se limita à proteção das vítimas, mas inclui a tentativa de ajudar ao renascimento daqueles que agem mal: de facto, agindo com respeito e integridade moral, podeis tocar as consciências, mostrando a possibilidade de uma vida diferente. É também assim que podemos e devemos construir uma alternativa à globalização da indiferença, que destrói com a violência e a guerra, mas que também negligencia o cuidado da sociedade e do ambiente”, sublinhou.
O Papa agradeceu o trabalho da polícia especial que, “de forma concreta” procura “servir o bem comum”, “estar perto das pessoas, combater a corrupção e de promover a legalidade”.
“Quer se trate da cobrança de impostos, quer da luta contra o trabalho não declarado e mal pago – este é outro escândalo – ou, em todo o caso, prejudicial à dignidade humana, a vossa ação é primordial. A corrupção revela uma conduta antissocial tão forte que dissolve a validade das relações e dos pilares sobre os quais se funda uma sociedade”. Por isso, a resposta, a alternativa não está apenas nas normas, mas num ‘novo humanismo’”, apresentou.
À Guarda das Finanças o papa pediu para contribuírem para “um novo humanismo” quer na concretização do trabalho como na formação de novos agentes.
“Eles podem estar à procura apenas de um emprego, mas depois encontram uma formação específica, que não só lhes dá os conhecimentos e a experiência indispensáveis, mas também se torna uma educação para a vida e para o bem comum”, indicou.
No encontro o Papa recordou palavras que um chefe de Estado lhe disse: «Tenho uma medida especial: o sorriso das crianças e dos idosos. Quando ambos sorriem, as coisas não são assim tão más numa sociedade».
“A riqueza de uma nação não reside apenas no seu PIB, reside no seu património natural, artístico, cultural, religioso, e no sorriso dos seus habitantes, das suas crianças. O termómetro é: as crianças sorriem? Os idosos sorriem? Não se esqueçam”, pediu.
LS