Francisco deixa interpelações à comunidade internacional na mensagem para o próximo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, este domingo
Cidade do Vaticano, 13 jan 2018 (Ecclesia) – A Igreja Católica vai celebrar este domingo o 104.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, desafiada pelo Papa a responder aos desafios neste setor com quatro verbos: “acolher, proteger, promover e integrar”.
No documento preparado para esta celebração,Francisco reforça a sua preocupação pela “lamentável situação que vivem tantos migrantes e refugiados”, devido a contextos de “guerra, perseguição, pobreza e de catástrofes naturais”.
Para o Papa, este contexto “é sem dúvida um sinal dos tempos” que deve também desafiar a Igreja Católica.
No final de 2016, Francisco criou o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, organismo que ainda está neste momento sob a sua orientação direta, para abordar toda a problemática dos migrantes, deslocados, refugiados e vítimas de tráfico humano.
“Todo o estranho que bate à nossa porta é uma oportunidade para um encontro com Cristo”, recorda o Papa, citando o Evangelho de São Mateus para traçar a marca de “solidariedade” que deve caraterizar “cada passo da experiência migratória”.
“Esta é uma grande responsabilidade, que a Igreja quer partilhar com todos os crentes e homens e mulheres de boa vontade, que são chamados a responder aos muitos desafios da migração contemporânea, com generosidade, prontidão, sabedoria e visão, de acordo com as capacidades de cada um”, escreve Francisco.
Na sua mensagem, o pontífice recorda o compromisso que os “líderes mundiais expressaram” durante a Cimeira das Nações Unidas a 29 de setembro de 2016, no sentido de “tomarem medidas decisivas no apoio aos migrantes e refugiados, para salvar vidas e proteger os direitos das pessoas”.
Durante o mesmo encontro, os responsáveis internacionais comprometeram-se a desenvolver, “até ao final de 2018”, dois projetos globais relacionados com refugiados e migrantes.
“O contributo da comunidade política e da sociedade civil é indispensável, cada uma de acordo com as suas responsabilidades”, aponta Francisco.
Sobre os quatro verbos apresentados como “fórmula” para enfrentar a atual crise migratória, “acolher, proteger, promover e integrar”, o Papa desenvolve vários tópicos com que espera sensibilizar todos os atores envolvidos nesta causa.
“Acolher significa, acima de tudo, oferecer mais opções para os migrantes e refugiados entrarem nos países de destino de forma segura e legal”, refere Francisco, que defende por exemplo a necessidade de “alargar e simplificar o processo de atribuição de vistos humanitários e de reunificação familiar”.
No que diz respeito ao verbo “proteger”, o Papa argentino realça a necessidade de salvaguardar migrantes e refugiados de práticas como o tráfico humano ou o recrutamento para trabalho ilegal, e dar às pessoas iguais condições de acesso a ferramentais que lhes permitam prosseguir com as suas vidas, no país de destino.
“Quando devidamente reconhecido e valorizado, o potencial e as capacidades dos migrantes, dos refugiados e de todos quantos buscam asilo são um recurso valioso para as comunidades de acolhimento”, complementa.
Uma noção que entra já no espaço dos outros verbos, “promover” e “integrar”, que implicam ter em conta também as necessidades de “crianças, jovens e idosos” e de pessoas com “necessidades especiais” ou portadoras de deficiência.
“Reitero a necessidade de fomentar a cultura do encontro de todas as formas possíveis”, conclui Francisco, que convida todas as comunidades cristãs “a partilharem estes verbos com todos os atores políticos e sociais envolvidos”.
JCP