Papa elogia «homens corajosos»

Homilia na canonização de João Paulo II e João XXIII aludiu à importância da família e do Concílio Vaticano II

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 27 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje no Vaticano a determinação perante as “tragédias” do século XX dos dois novos santos da Igreja Católica, João Paulo II e João XXIII, que canonizou durante uma Missa na Praça de São Pedro.

“Foram sacerdotes, bispos e Papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria”, disse, na homilia da celebração.

Segundo Francisco, os novos santos foram “homens corajosos” que “deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo”.

A Missa, acompanhada por centenas de milhares de pessoas, decorreu no primeiro domingo depois da Páscoa, que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia Divina.

O Papa Francisco recordou o Concílio Vaticano II (1962-1965), convocado por João XXIII, e disse que os Papas hoje canonizados “colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia original, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos”.

“Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja. Por isso, gosto de pensar que foi o Papa da docilidade ao Espírito”, defendeu.

Quanto a João Paulo II, Francisco falou no “Papa da família”.

“Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu”, referiu.

O Papa convocou um Sínodo dos Bispos dedicado às questões da família, que vai decorrer em duas assembleias: uma extraordinária, no próximo mês de outubro, e outra ordinária em 2015.

“Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família”, disse Francisco.

O Papa destacou, na sua homilia, a importância das “chagas gloriosas de Jesus ressuscitado”, como símbolo de que “Deus é amor, misericórdia, fidelidade”.

“A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea por causa da amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado”, prosseguiu.

Afirmando que os novos souberam ver Jesus “em cada pessoa atribulada”, Francisco pediu que João XXIII e João Paulo II ensinem cada católico a entrar “no mistério da misericórdia divina que sempre espera, perdoa sempre, porque sempre ama”, sem se “escandalizar” com as “chagas de Cristo.

A canonização é última etapa no reconhecimento como santo na Igreja Católica.

A proclamação de São João XXIII (1881-1963) e São João Paulo II (1920-2005) foi acompanhada por uma salva de palmas dos participantes na celebração, entre os quais se destacam os peregrinos polacos.

Bento XVI, Papa emérito, concelebrou pela primeira vez com o seu sucessor e a sua chegada também foi assinalada com um aplauso.

OC

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Agência ECCLESIA

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