Audição a comissão de inquérito demorou três horas
Cidade do Vaticano, 18 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco e o Conselho de Cardeais estiveram reunidos hoje, durante três horas, a comissão de inquérito para o Instituto para as Obras de Religião (IOR), criada em junho do último ano.
Segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, os membros da comissão apresentam de forma “muito ampla e articulada” a realidade do IOR (Conhecido como Banco do Vaticano), tanto sobre os “problemas do passado” como sobre a situação atual, tendo como pano de fundo “o aprofundamento da missão do instituto na perspetiva do serviço religioso e pastoral da Igreja”.
“O cardeal apreciaram a apresentação da comissão e intervieram com perguntas de aprofundamento. Não foi tomada qualquer decisão”, declarou o padre Federico Lombardi.
O porta-voz adiantou que foram apresentadas “algumas orientações” quanto à possível “renovação e ajuste futuro” do IOR.
Esta é a terceira reunião de Francisco com os oito cardeais dos cinco continentes que nomeou em abril de 2013 para o aconselharem, abrindo caminho à redação de uma nova constituição para o Vaticano.
O Conselho de Cardeais tem como missão auxiliar o Papa no governo da Igreja e promover o aperfeiçoamento do documento que regulamenta atualmente a Cúria Romana, organismos centrais (dicastérios) da Santa Sé, a constituição ‘Pastor bonus’, assinada por João Paulo II a 28 de junho de 1988.
Os trabalhos começaram esta segunda-feira com a audição de representantes da Comissão Pontifícia de Inquérito para a Organização Económica e Administrativa da Santa Sé, instituída por Francisco em julho de 2013.
Além dos membros do Conselho de Cardeais, conhecido como o ‘C8’, tem marcado presença nas reuniões o secretário de Estado do Vaticano e futuro cardeal, D. Pietro Parolin, além do secretário particular do Papa, D. Alfred Xuereb, que é seu delegado nas referidas comissões de inquérito.
O Papa Francisco vai faltar à reunião matinal desta quarta-feira por causa da audiência pública semanal, tal como tinha acontecido em outubro e dezembro de 2013, mas os cardeais continuarão os trabalhos, reunindo com o chamado ‘Conselho dos 15’, instituído por João Paulo II e que é responsável pelo orçamento geral da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano.
Em resposta aos jornalistas, o padre Federico Lombardi descartou qualquer cenário de dificuldades na relação entre o IOR e a Autoridade de Informação Financeira da Santa Sé, sublinhando que as duas instituições são “verdadeiramente distintas”
Em relação à redação de uma nova Constituição para a Cúria Romana, o porta-voz do Vaticano afirmou ser “prematuro” pensar na publicação de tal documento, porque ainda existe muita matéria por analisar.
O Instituto para as Obras de Religião foi fundado em 1942 por decreto papal e o seu objetivo é “servir a Santa Sé e a Igreja Católica em todo o mundo”.
O IOR protege o património de um grupo “claramente determinado de pessoas físicas e jurídicas” com filiação na Igreja Católica, definida pelo direito canónico ou pelo direito do Estado da Cidade do Vaticano.
O governo do instituto é constituído por uma comissão cardinalícia, um prelado, um conselho de supervisão e uma direção.
Em julho de 2013, o IOR apresentou pela primeira vez o seu relatório anual, revelando um lucro de 86,6 milhões de euros em 2012.
OC