Papa destaca papel da Igreja na construção da Europa

Bento XVI lembra mosteiros medievais como centros «de irradiação de cultura» e pede renascimento europeu Bento XVI destacou esta Quarta-feira a importância do Cristianismo na construção da identidade europeia, ao falar da figura de São Columbano, monge irlandês do século VI. “Com a sua energia espiritual, com a sua fé, com o seu amor a Deus e ao próximo, tornou-se realmente um dos Pais da Europa: ele mostra-nos também hoje onde estão as raízes das quais pode renascer esta nossa Europa”, assinalou. Na audiência geral desta semana, o Papa lembrou este abade da Irlanda, nascido por volta do ano 543, frisando que “juntamente com os irlandeses do seu tempo, tinha consciência da unidade cultural da Europa nascente”. “Homem de grande cultura e rico de dons da graça, seja como incansável construtor de mosteiros seja como intransigente pregador penitencial, gastou todas as suas energias para alimentar as raízes cristãs da Europa que estava a nascer”, afirmou. São Columbano foi o “irlandês mais conhecido” da Baixa Idade Média e os mosteiros por ele fundados, explicou o Papa, eram verdadeiros centros de irradiação de cultura e evangelização, bem como lugares que atraíam muitas pessoas pela sua vida de trabalho, austeridade, penitência e oração. “Com razão, pode (São Columbano, ndr) ser chamado Santo ‘Europeu’, porque como monge, missionário e escritor trabalhou em vários países da Europa ocidental”, indicou Bento XVI. A intervenção papal destacou o facto de ter sido este irlandês a referir-se à presença da Igreja no Velho Continente com a expressão “totius Europae – de toda a Europa”, numa carta enviada ao Papa Gregório Magno. Nascido na Irlanda, Columbano tinha 20 anos quando entrou num mosteiro, dedicando-se a uma vida de oração, ascese e estudo. Aos 50 anos, com uma dúzia de outros monges, empreendeu uma missão no continente europeu. Fundou três mosteiros em terra dos Francos, nomeadamente Luxeil, onde viveu vinte anos e escreveu a “Regra dos monges”. O seu ideal monástico caracteriza-se por um severo apelo à conversão e ao desapego das coisas terrenas, a fim de que o homem se abra livremente ao amor de Deus e a ele corresponda com todo o seu ser, reconstruindo deste modo em si mesmo a imagem de Deus. Nesse sentido, São Columbano introduziu na Europa continental a prática da confissão privada e a “penitência” correspondente, proporcional à gravidade do pecado cometido. Morreu a 23 de Novembro de 615, data em que ainda hoje se celebra a sua memória litúrgica. Como habitual, o Papa deixou nesta audiência uma “saudação afectuosa para todos os peregrinos de língua portuguesa”, em particular os grupos vindos do Brasil e o Coro de Santa Maria de Belém, em Lisboa. “Procurai imitar a Virgem Maria, cujo coração exultava no Senhor, não se cansando de meditar e celebrar as maravilhas do Omnipotente! No meio das amarguras da vida, sede os cantores daquela alegria com que Deus olha e abraça todas as suas criaturas. Implorando abundantes graças e as melhores prosperidades cristãs para vós e vossas famílias, dou-vos a minha Bênção”, concluiu.

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Agência ECCLESIA

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