A Hungria está chamada a ser mediadora entre o “Oriente e o Ocidente”, considerou hoje Bento XVI, dirigindo-se ao novo embaixador húngaro na Santa Sé.
O Papa recordou o “diálogo activo e construtivo com a Igreja Católica” que se pode desenvolver nos últimos vinte anos, após o restabelecimento de relações diplomáticas bilaterais.
Nesse sentido, Bento XVI exprimiu a “esperança de que as profundas feridas daquela visão materialista do homem, que se tinha apoderado dos corações e da comunidade dos cidadãos do país ao longo de quase 45 anos, possam continuar a cicatrizar num clima de paz, liberdade e respeito pela dignidade do homem”.
Se “a fé católica faz inegavelmente parte dos pilares fundamentais da história da Hungria”, o Papa esclareceu que “não se espera que o Estado imponha uma determinada religião”.
A fé tem a sua “natureza específica como encontro com o Deus vivo que nos abre novos horizontes para além do âmbito próprio da razão”, constituindo ao mesmo tempo “uma força purificadora para a própria razão, permitindo-lhe desempenhar do modo melhor a sua tarefa e ver melhor o que lhe é próprio”.
“Não se trata de impor normas ou modos de comportamento àqueles que não partilham a fé”, insistiu o Papa, mas da “purificação da razão, contribuindo para que se reconheça e realize o que é bom e justo”.
Recordando que a Hungria faz parte, desde há seis anos, da União Europeia, cabendo-lhe, a partir de Janeiro, a presidência de turno do respectivo Conselho, o Papa observou que o país” está chamado de modo particular a ser mediadora entre Oriente e Ocidente”, como o sugere a própria coroa de Santo Estêvão, que consta praticamente de duas coroas sobrepostas, a coroa grega e latina.
Um símbolo que “mostra como se deveriam apoiar mutuamente o Oriente e o Ocidente, enriquecendo-se um ao outro a partir do património espiritual e cultura e da viva profissão de fé”.