Bento XVI lembra disputa do séc. XII sobre a relação entre fé e razão
Bento XVI considerou esta Quarta-feira que as discussões teológicas são “úteis e necessárias”, em especial quando estão em causa matérias sobre as quais não há um pronunciamento do magistério da Igreja.
O Papa falava no Vaticano, diante de milhares de peregrinos reunidos para a audiência geral desta semana, que se centrou na disputa teológica do século XII entre Bernardo e Abelardo, sobre a relação entre fé e razão.
“Na semana passada, falei da «teologia monástica» e da «teologia escolástica», que poderemos de certo modo chamar «teologia do coração» e «teologia da razão». Um dos expoentes da primeira foi São Bernardo de Claraval, que via na teologia um auxílio para amar cada vez mais e melhor o Senhor”, começou por referir.
“Intérprete da outra corrente teológica foi Abelardo, mais empenhado na busca duma compreensão racional dos mistérios da revelação cristã que a fé acredita”, prosseguiu.
[[v,d,650,Catequese do Papa em português]]Segundo o Papa, “subindo até à nascente divina pelas margens opostas do mesmo rio, estas duas figuras – Bernardo e Abelardo – envolveram-se em vivos debates teológicos, mas acabaram por concordar no ponto essencial: salvaguardar a fé da Igreja e fazer triunfar a verdade na caridade”. Ambos chegariam a uma “plena reconciliação” graças à mediação de um amigo comum, Pedro o Venerável.
Bento XVI falou da teologia como a “busca de uma compreensão racional dos mistérios da Revelação, acreditados na fé”.
Na festa litúrgica de São Carlos Borromeu, o Papa recordou ainda o seu predecessor, João Paulo II, Karol (Carlos) Wojtyla. No dia do seu onomástico, Bento XVI disse que o Papa polaco, com a sua vida e ensinamento, nos “confirma” na fé e “nos inspira no caminho da santidade”.
Em português, o Papa deixou “uma cordial saudação aos peregrinos vindos de Coimbra e de São Paulo, ao grupo de Focolarinos do Brasil, aos fiéis cristãos da Catedral Nossa Senhora da Conceição em Bragança Paulista com seu Bispo D. José Maria Pinheiro, e à tripulação do Navio-Escola «Brasil» com o seu comandante, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar sua fé e adesão a Cristo, o Senhor dos Navegantes”.
“Ele vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine todas as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projecto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e Bênção”, concluiu.