Fé e razão não se excluem, diz Bento XVI, recordando ensinamentos do teólogo do séc. XIII
Bento XVI destacou hoje a importância do ensinamento de S. Tomás de Aquino (1225-1274), um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica, frisando que o homem não conhece tudo.
A quem objecta que a fé “faz acreditar em algo que não recai sob a experiência dos sentidos”, declarou, “S. Tomás de Aquino oferece uma resposta muito articulada e recorda que esta é uma duvida inconsistente, porque a inteligência humana é limitada e não pode conhecer tudo”.
“Se pudéssemos conhecer perfeitamente todas as coisas visíveis e invisíveis”, prosseguiu , então seria uma “autêntica estultícia (tolice) aceitar verdades por pura fé”.
Pela terceira semana consecutiva, o Papa dedicou a sua audiência pública à figura do teólogo dominicano, de quem, afirmou, “todos nós – como dizia o Papa Paulo VI – podemos e devemos ser discípulos”.
“Os questionamentos do seu tempo [de São Tomás de Aquilo, ndr] são ainda questionamentos nossos e, como actualmente, encontram resposta nos instrumentos da oração e do agir moral, através dos quais o ser humano se tenta encontrar e tomar atitudes que o façam verdadeiramente homem”, defendeu Bento XVI.
“A obra-prima do Doutor Angélico é a Summa Theologiae, dividida em três partes: na primeira, trata de Deus; na segunda, ocupa-se do movimento da criatura para Deus; e na última, fala de Cristo, o qual, enquanto homem, é o caminho para chegarmos a Deus”, explicou.
“Aquilo que São Tomás ilustrou, com rigor científico, nas suas obras teológicas maiores, anunciou-o pregando aos estudantes e aos fiéis”, acrescentou.
Bento XVI disse que o teólogo do século XII ensinava “o Credo, ou seja, o que acreditamos, mas também o Pai-nosso e a Ave-Maria, isto é, o que rezamos, e ainda os Dez Mandamentos, a vida que a Revelação bíblica nos pede marcada pelo amor de Deus e do próximo”.
“O desenvolvimento importante que dá ao Mistério da Eucaristia revela-nos a inteligência de um teólogo que reza e que nos ajuda a amar este Sacramento e a vivê-lo”, referiu ainda.
Numa audiência que decorreu na sala Paulo VI, do Vaticano, o Papa deixou saudações aos peregrinos presentes, vindos de vários países, incluindo os lusófonos.
“Amados peregrinos língua portuguesa, que viestes junto do túmulo de São Pedro renovar a vossa profissão de fé eclesial, reconhecendo e adorando o Deus Uno e Trino, que vos escolheu para seu Povo Santo. Para todos vós, particularmente para o grupo brasileiro de Piracicaba, a minha saudação agradecida, com votos de abundantes dons de graça e paz divina, que imploro para vós e vossos queridos com a minha Bênção Apostólica”, disse.
