Papa deixa mensagem de tolerância e pluralismo

Bento XVI regressa ao Vaticano após apelar ao respeito pelas diferenças e alertar contra o fundamentalismo no Médio Oriente

Beirute, 16 set 2012 (Ecclesia) – Bento XVI concluiu hoje uma viagem de três dias ao Líbano, a segunda ao Médio Oriente, depois de deixar várias mensagens em prol da tolerância e de uma “sociedade plural”, no respeito pelas várias religiões.

“Está na altura de muçulmanos e cristãos se unirem para pôr termo à violência e às guerras”, disse o Papa este sábado, ao dirigir-se a milhares de jovens e, em particular, aos que tinham vindo da Síria para o acompanhar.

A visita ao país dos cedros, que tinha recebido João Paulo II em 1997, fica marcado pela assinatura e promulgação da exortação apostólica ‘Ecclesia in Medio Oriente’ (A Igreja no Médio Oriente).

O documento sustenta a necessidade de “libertar” a religião do “peso da política”, deixando duras críticas ao “fundamentalismo religioso” e lançando um “veemente apelo a todos os responsáveis religiosos judeus, cristãos e muçulmanos da região, para que procurem, com o seu exemplo e ensino, fazer todo o possível por erradicar esta ameaça”.

A situação na Síria mereceu várias intervenções do Papa, começando logo no avião que o transportou desde o Vaticano, ao pedir o fim do fornecimento de armas ao regime de Bashar al-Assad e aos seus opositores.

“Apelo à comunidade internacional, apelo aos países árabes para que, como irmãos, proponham soluções viáveis que respeitem a dignidade de cada pessoa humana, os seus direitos e a sua religião”, referiu hoje, por sua vez, perante mais de 350 mil pessoas.

Bento XVI esteve no Líbano numa missão de reafirmação da identidade e da importância das comunidades cristãs num Médio Oriente que viu nascer a Igreja e que hoje vê fugir muitos dos seus membros.

A exortação apostólica pós-sinodal entregue aos patriarcas e episcopados católicos da região exige a “plena cidadania” para os fiéis que ali vivem desde o início do cristianismo.

Coabitação e coexistência foram ideias dominantes nas intervenções papais, acompanhadas por centenas de milhares de católicos, para além de líderes religiosos, representantes políticos e do mundo cultural libanês.

Perante estes responsáveis, o Papa apelou ao fim da violência e do desejo de “vingança” no Médio Oriente.

“É preciso, evidentemente, banir a violência verbal ou física, que é sempre um atentado à dignidade humana”, referiu, na sexta-feira, dia em que se multiplicaram ataques contra embaixadas e símbolos ocidentais por causa de um filme considerado ofensivo para a figura de Maomé.

O exemplo do Líbano serviu para que Bento XVI apresentasse o país como um exemplo de que “dentro duma nação, pode haver colaboração” e um “diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões”.

Presença discreta na nova exortação papal, o conflito israelo-árabe, com epicentro na Palestina, mereceu a atenção dos patriarcas libaneses que intervieram junto de Bento XVI em diversas situações, com apelos a uma resolução definitiva, através da comunidade internacional, desta situação.

Bento XVI deixou ainda uma mensagem para o futuro da região ao pedir que os jovens cristãos permaneçam no Médio Oriente, apesar de todas as dificuldades que encontram.

“O desemprego e a precariedade não devem impelir-vos a provar o ‘mel amargo’ da emigração”, declarou.

Esta foi a segunda viagem do Papa ao Médio Oriente, depois da visita que efetuou em maio de 2009 à Jordânia, Israel e Territórios Palestinos.

OC

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