Papa condena violência no Iraque

Bento XVI enviou uma mensagem ao líder da comunidade católica no Iraque, Cardeal Emmanuel III Dely, condenando os recentes ataques terroristas no Iraque, que atingiram nove igrejas católicas e ortodoxas, provocando 4 mortos e 34 feridos desde Sábado.

Através do seu Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, o Papa manifesta ao Patriarca da Babilónia dos Caldeus a sua proximidade espiritual com as comunidades católica e ortodoxa no Iraque. No texto, Bento XVI encoraja as autoridades "a fazerem tudo o que for possível para promover uma coexistência justa e pacífica entre todos os grupos da população iraquiana".

No documento, publicado na última edição do jornal "L'Osservatore Romano", o Papa diz rezar "por uma conversão do coração dos autores da violência".

Os atentados ocorrem num momento em que tem lugar a retirada das tropas norte-americanas do país, atingindo igrejas em Bagdad e Mossul (norte do país). No regime de Saddam Hussein, os cristãos em Mossul eram cerca de 25 mil; hoje são cerca de 500.

Responsáveis da Igreja Católica no Iraque, citados pela Rádio Vaticano, asseguram que estamos na presença de um plano "criminoso" destinado a provocar a fuga dos cristãos do Iraque. Desde 2003, a comunidade cristã perdeu mais da metade dos seus fiéis: de um milhão de fiéis passou aos actuais 400 mil.

Os cristãos originários da área entre o Iraque, a Turquia a Síria e o Irão – onde os cristãos são aceites desde o século I – têm recusado a criação de um enclave étnico-religioso nas planícies de Nínive, alegando que tal solução resultaria numa espécie de "gueto".

 

História

Estes cristãos representam umas das mais antigas comunidades do Oriente, remontando ao século II. Acredita-se que o Apóstolo Tomé, antes de seguir o seu caminho até à Índia, terá deixado na região dois discípulos, Mar Addai e Mar Mari.

Da sua pregação nasceu uma Igreja que, nos primeiros séculos do Cristianismo, demonstrou uma enorme vitalidade e se espalhou nas regiões que hoje são a Síria, o Irão e o Iraque. As raízes cristãs são testemunhadas por mosteiros e conventos nos séculos V e VI.

A chamada Igreja Assíria do Oriente obteve a autonomia no concílio de Markbata, em 492, com a possibilidade de eleger um Patriarca com o título de "Católico". Em 1830 o Papa Pio VIII nomeou o "Patriarca da Babilónia dos Caldeus" como chefe de todos os católicos caldeus. A sede deste Patriarcado era Mossul, no Norte do Iraque, e seria transferida para Bagdade em 1950, após a II Guerra Mundial.

O rito Caldeu é um dos 5 principais ritos do Cristianismo Oriental e desenvolveu-se entre os séculos IV e VII, antes da conquista árabe. A denominação de "caldeu" prevalece no Ocidente desde o séc. XVII, embora os habitantes da região prefiram a designação "siro-oriental".

As celebrações conservam o uso do aramaico e possuem gestos, espaços e ritmos muito especiais que, nalguns casos, remontam ao tempo dos primeiros apóstolos.

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Agência ECCLESIA

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