Papa condena «secularismo ocidental»

Bento XVI manifestou-se esta manhã contra o que denominou de “secularismo de tipo ocidental, diferente e porventura mais capcioso do que o secularismo marxista”. Ao receber no Vaticano os Bispos da Eslovénia, em visita Ad limina, o Papa indicou que esse tipo de secularismo leva a uma “busca desenfreada dos bens materiais, a redução da natalidade e, ainda mais, da prática religiosa e uma diminuição sensível das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada”. O discurso papal aludiu ainda às raízes cristãs da Europa, num momento em que a Eslovénia assume a presidência da UE. “Se a Europa deseja permanecer e tornar-se cada vez mais uma terra de paz, conservando como um dos valores fundamentais o respeito da dignidade da pessoa humana, não pode renegar a componente principal – no plano espiritual e ético – desse fundamento, isto é, a componente cristã. Os humanismos não são todos iguais, nem equivalentes, sob o perfil moral”, apontou. Bento XVI frisou que a uma certa visão do homem correspondem diferentes consequências para a convivência civil. “Concebendo o homem de maneira individualista, segundo a tendência actual, como é que se poderá justificar o esforço a favor da construção de uma comunidade justa e solidária?”, perguntou. O Papa não deixou de notar as mutações de relevo ocorridas na Eslovénia nos últimos anos: a entrada do país na União Europa em 2004; a adopção do Euro em princípios de 2007 e a entrada no espaço Schengen para a livre circulação em finais do ano passado. Segundo ele, embora sejam acontecimentos sem carácter eclesial, não podem deixar de interessar a Igreja pois “dizem respeito à vida das pessoas, em particular ao horizonte dos valores na Europa”. Evocando a Carta Pastoral que os Bispos eslovenos publicaram em 2004, por ocasião da entrada do país na União Europeia, Bento XVI considerou que se trata de um texto que conserva todo o seu valor. “O Cristianismo é a religião da esperança: esperança na vida, na felicidade sem fim, na concretização da fraternidade entre todos os homens. Isto é verdade em todos os continentes, é-o também na Europa onde muitos intelectuais continuam ainda a ter dificuldade de aceitar que razão e fé têm necessidade uma da outra para realizarem a sua verdadeira natureza e a sua missão”, observou. Quase a concluir o seu discurso, Bento XVI aludiu ainda ao Congresso Eucarístico Nacional que terá lugar daqui a dois anos, agradecendo o convite que lhe foi dirigido a visitar o país, nessa ocasião. Um acontecimento que o Papa pôs em relação com o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida da Igreja, em Outubro próximo, exortando a Igreja eslovena ao espírito de pobreza. “O verdadeiro tesouro da Igreja são a Eucaristia e a Palavra de Deus. Fiel ao ensinamento de Jesus, cada comunidade deve utilizar os bens terrenos simplesmente como serviço ao Evangelho e coerentemente com os ditames do Evangelho”, finalizou. (Com Rádio Vaticano)

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