Bento XVI conclui esta Segunda-feira o período de férias que gozou na localidade de Bressanone, nos Alpes italianos. O Papa segue agora para a residência pontifícia de Verão, em Castel Gandolfo, a cerca de 30 quilómetros de Roma. Domingo, no último compromisso oficial em Bressanone, o Papa falou do tempo de repouso que ele próprio viveu nos últimos quinze dias. “Tive ocasião de descansar no modo apropriado a um ministro de Deus – afirmou em alemão -, dedicando-me à oração, à leitura e à meditação, sem as preocupações das urgências pastorais de cada dia”. “Embora sem as esquecer, pude por assim dizer filtrá-las através de um salutar desprendimento, que ajuda a restabelecer as justas proporções: a reconhecer que o Senhor é Deus e que nós somos apenas seus humildes colaboradores ao serviço da Igreja para o bem da humanidade”, precisou. Prosseguindo depois em italiano, Bento XVI quis “partilhar uma reflexão” que (disse) nele “amadureceuespontaneamente” nestes dias de repouso, relativamente à experiência vivida semanas atrás em Sidney, nas Jornadas Mundiais da Juventude. “Na grande metrópole da jovem nação australiana, aqueles jovens foram um sinal de autêntica alegria, por vezes rumorosa, mas sempre pacífica e positiva. Embora fossem tantos, eles não causaram desordens nem qualquer dano. Para estarem alegres não tiveram necessidade de recorrer a modos despropositados ou violentos, ao álcool ou a substâncias estupefacientes. Havia neles a alegria de se encontrarem e de descobrir conjuntamente um mundo novo”, indicou. Nada, portanto, de “falsas evasões” ou de “experiências degradantes” vividas por muitos jovens de hoje, conduzindo tantas vezes a verdadeiras tragédias – observou o Papa. Um típico produto da actual “sociedade de bem-estar”, assim chamada, em que, no desejo de preencher o tédio e um vazio interior, se tentam “experiências novas, mais emocionantes, mais extremas”. “Também as férias correm assim o risco de se dissiparem numa vã busca de miragens de prazer. Mas desse modo o espírito não se repousa, o coração não experimenta alegria, não encontra paz, pelo contrário – acaba por se sentir ainda mais cansado e triste do que antes”, alertou. Esta reflexão – sublinhou Bento XVI – não vale só para os jovens, é para todos: “Só na relação com Deus é que a pessoa humana se regenera. E Deus, uma pessoa só O encontra aprendendo a escutar a sua voz no sossego interior e no silêncio. “Rezemos para que numa sociedade onde se passa a vida a correr, as férias constituam dias de autêntica distensão durante os quais saibamos assegurar momentos de recolhimento e de oração, indispensáveis para nos reencontrarmos profundamente a nós próprios e aos outros. É o que pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Virgem do silêncio e da escuta”, disse. (Com Rádio Vaticano)