Papa completou viagem apostólica

Bento XVI visitou cidade que foi prisão de Pio VII e passou Domingo em Génova Bento XVI viveu este fim-de-semana a nona viagem pastoral a Dioceses italianas, desta vez a Savona, onde esteve ontem, e a Génova, cidade em que se encontra este Domingo. Na Missa a que presidiu na tarde deste Domingo, o Papa frisou que a fé não afasta “do mundo e dos seus problemas”, mas faz exactamente o contrário: “Conhecendo mais de perto a Deus, recebem-se também preciosas indicações práticas para a vida”. “O homem não se realiza em autonomia absoluta, com a ilusão de ser Deus, mas, pelo contrário, reconhecendo-se como filho, criatura aberta, em tensão para com Deus e os irmãos, em cujo rosto encontra a imagem do Pai comum”, afirmou. Para Bento XVI, esta concepção de Deus e do homem está na base de um modelo de comunidade humana, e portanto de sociedade”, “que tem a primazia sobre toda e qualquer regulamentação normativa, jurídica, institucional, e antes mesmo de quaisquer especificações culturais”. Este é, portanto, “um modelo de família humana transversal a todas as civilizações, que nós cristãos costumamos exprimir desde crianças afirmando que os homens são todos filhos de Deus e portanto irmãos… É uma concepção que assenta sobre a ideia de Deus Trindade, do homem como pessoa (não mero indivíduo) e da sociedade como comunidade (não mera colectividade)”. “Numa sociedade situada entre globalização e indivíduo, a Igreja está chamada a oferecer um testemunho de koinonia, de comunhão – sublinhou ainda -. Esta realidade não vem da base, de baixo, mas é um mistério que tem, por assim dizer, as raízes no céu: precisamente em Deus uno e trino”. A concluir, Bento XVI acrescentou ainda algumas exortações particulares. Antes de mais, o cuidado da formação espiritual e catequística, uma formação “substancial”, disse. Aos adultos e aos jovens, o Papa pediu que cultivem “uma fé pensada, capaz de dialogar em profundidade com todos”. Aos “jovens empenhados num caminho vocacional”, Bento XVI exortou-os a não terem medo de um “itinerário formativo sério e exigente”. Finalmente, o apelo a crescer na dimensão missionária: “De facto a Trindade é ao mesmo tempo unidade e missão: quanto mais intenso é o amor, mais forte é o impulso a difundir-se, a dilatar-se, a comunicar-se. Caros amigos, encarai o futuro com confiança e tratai de construí-lo conjuntamente, evitando facciosismos e particularismos, colocando o bem comum acima dos interesses particulares, por legítimos que sejam”, apontou. Manhã preenchida Esta manhã, o Papa passou pelo Hospital pediátrico Gaslini, para um encontro com os médicos e os pacientes. Aos pequenos doentes, deixou a certeza de que “Deus nunca vos abandona” e de ele próprio lhes quer bem, convidando os pais a não “perderem a serenidade”. Em seguida, Bento XVI reuniu-se com os jovens genoveses, a quem pediu que não sigam “falsos mitos”, incluindo o de que “não há necessidade de Deus”, alertando-os para o risco de “um grande vazio”. Ainda esta manhã, o Papa deixou votos de que a comunidade internacional adopte medidas para a proibição das bombas de fragmentação, em vésperas de uma conferência diplomática que se inicia Segunda-feira, em Dublim. A manhã encerrou-se com a deslocação à catedral genovesa, onde se tinham congregado os cónegos e uma ampla representação de pessoas consagradas. às religiosas e aos religiosos, em grande parte já de certa idade, Bento XVI dirigiu um encorajamento a não desanimarem, não obstante a diminuição em número e em forças: “Tende confiança: os tempos de Deus e da sua Providência não só os nossos tempos. O Senhor providencia. Não vos considereis como se estivésseis no ocaso da vida: Cristo é o aurora perene, a nossa luz. Prossegui as vossas actividades, mas sobretudo a vossa presença. O desaparecimento das vossas comunidades empobrece-vos a vós, mas empobrece também Génova. Os pobres, os doentes, as famílias, as crianças, as nossas paróquias – tudo é precioso campo de serviço e de dom para construir a Igreja e para servir os homens”, indicou. Bento XVI fez questão de recitar a oração mariana do Angelus, em ligação radiotelevisiva com a Praça de São Pedro e com várias emissoras e canais televisivos. Evocando a sua visita matinal ao santuário de Nossa Senhora de La Guardia, o Papa invocou “a materna assistência de Nossa Senhora sobre a vossa comunidade diocesana – pastores, consagrados, leigos – e de modo especial os doentes e todos os que sofrem”. A sombra de Napoleão Sábado, Bento XVI passou por Savona, cidade na qual começou por visitar o Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia. Na sua homilia, dedicada à Solenidade da Santíssima Trindade, após ter visitado o Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia, o Papa disse que a essência de Deus é amor, é misericórdia: “Está aqui toda a essência do cristianismo, porque é a essência do próprio Deus. Deus é Uno porque é tudo e só Amor, e precisamente porque é Amor, é abertura, acolhimento, diálogo; e na sua relação connosco, homens pecadores, é misericórdia, compaixão, graça, perdão”. Mas o momento mais marcante deste aconteceu quando Bento XVI explicou que a sua peregrinação é também uma homenagem ao seu predecessor, Pio VII, que Napoleão Bonaparte obrigou a viver confinado em Savona, onde passou quase 3 anos de prisão, recebendo, no entanto, todo o apoio e a compreensão dos habitantes dessa cidade. A história de Pio VII, disse o actual Papa, ensina-nos a coragem de enfrentar os desafios do mundo, como o materialismo, o relativismo, o laicismo, “sem nunca ceder a compromissos, dispostos a pagar pessoalmente pela fidelidade ao Senhor e à sua Igreja”. (Com Rádio Vaticano) FOTO: Lusa

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