Papa chega ao Brasil e apresenta prioridades

Bento XVI chegou esta tarde ao Brasil, para uma visita de cinco dias, deixando desde logo indicações de quais serão as suas prioridades na primeira viagem como Papa à América Latina, região com quase 500 milhões de católicos. No seu primeiro discurso, pronunciado ainda no aeroporto de São Paulo, o Papa referiu-se àquelas que deverão ser as ideias-chave destes dias: o compromisso da Igreja com a missão evangelizadora, ao serviço da causa da paz e da justiça, a luta contra a pobreza e o empenho na defesa da vida. Para Bento XVI, o Brasil deverá servir de berço para propostas eclesiais que poderão dar novo vigor e impulso missionário ao continente Latino-Americano. A Igreja, animada pela Conferência de Aparecida que o Papa vai inaugurar no dia 13, deverá reforçar a sua identidade, “promovendo o respeito pela vida humana desde o momento da sua concepção até ao seu fim natural, como exige a própria natureza humana, e também um apelo à solidariedade, principalmente com os pobres e os abandonados”. Assim que aterrou, o Papa disse às autoridades e ao povo brasileiro que a Igreja “deseja indicar os valores morais de cada situação” e “não deixará de insistir na consolidação da família como a célula-base da sociedade e da juventude, cuja formação constitui um valor decisivo para o futuro de uma nação e, por fim, defender e promover os valores inerentes a todos os estratos sociais, principalmente entre as populações indígenas”. Além disso, afirmou que “o Brasil possui um lugar especial” no seu coração, “não só porque nasceu cristão e possui hoje uma das maiores populações católicas do mundo, mas principalmente porque é uma nação rica, com potencial e uma presença eclesial que é motivo de alegria e de esperança para toda a Igreja”. Numa região de maioria católica, exige-se o compromisso dos fiéis: “A solidariedade será, sem dúvida, uma palavra cheia de vida quando as forças da sociedade se esforçarem seriamente para construir um futuro de paz e de esperança para todos”. Bento XVI pisou solo brasileiro às 16h23 locais (mais quatro em Lisboa) e foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no aeroporto internacional de Guarulhos. O Boeing 777 da Alitalia, que levava as bandeiras do Brasil e do Vaticano, aterrou às 16h02 locais na base militar do aeroporto. O avião chegou 28 minutos antes do previsto, no dia mais frio do ano em São Paulo. Respondendo à saudação que lhe foi dirigida pelo Presidente Lula da Silva, Bento XVI agradeceu pelo acolhimento que lhe foi reservado e saudou os “irmãos no Episcopado que, em nome da Igreja que está no Brasil, se deslocaram ao aeroporto, e igualmente os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, os seminaristas e os leigos comprometidos com a obra de evangelização da Igreja e com o testemunho de uma vida autenticamente cristã”. Finalmente, enviou a sua saudação a todos os brasileiros sem distinção, homens e mulheres, famílias, idosos, doentes, jovens e crianças. “A minha visita, Senhor Presidente, tem um objectivo que ultrapassa as fronteiras nacionais: venho para presidir, em Aparecida, a sessão de abertura da V (Quinta) Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho. Por uma providencial manifestação da bondade do Criador, este País deverá servir de berço para as propostas eclesiais que, Deus queira, poderão dar um novo vigor e impulso missionário a este Continente”, disse o Papa, no discurso dirigido a Lula, em que sublinhou o carácter essencialmente religioso desta presença no Brasil. Depois da viagem de helicóptero para o Campo de Marte, em São Paulo, para receber do prefeito Gilberto Kassab as chaves da cidade, o Papa teve o seu primeiro banho de multidão nos 30 minutos em que andou, de papamóvel, até ao Mosteiro de São Bento. Ao chegar ao Mosteiro, o Papa entrou pela porta principal acompanhado de D. Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, e foi recebido pelos membros da comunidade religiosa. Em seguida, Bento XVI orou durante alguns instantes na Capela do Santíssimo, antes de se mostrar à multidão. Depois de ser muito saudado pelos presentes, no balcão montado na frente do Mosteiro de São Paulo, Bento XVI disse que a canonização de Frei Galvão e a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe serão marcos históricos para a Igreja. Prevendo “dias plenos de emoção e alegria” para a Igreja, o Papa disse, em português, que “este caloroso acolhimento” dos brasileiros o comovia, rematando de forma sintética: “É uma Igreja em festa”. Programa (hora local, mais quatro em Lisboa) 10 de Maio de 2007 08h00 – Missa celebrada em privado, na capela do Mosteiro de São Bento 10h30 – Transferência em carro do Mosteiro de São Bento parao Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. 11h00 – Visita de cortesia ao presidente da República no Palácio dos Bandeirantes. 12h00 – Viagem de carro do Palácio dos Bandeirantes para o Mosteiro de São Bento. 12h30 – Chegada ao Mosteiro. Breve encontro com os representantes de outras confissões cristãs e de outras religiões. Discurso do Santo Padre. 13h15 – Almoço com a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com os membros da Comitiva papal no Mosteiro de São Bento. 17h30 – Viagem de carro do Mosteiro de São Bento para o Estádio Municipal do Pacaembu (Paulo Machado de Carvalho), em São Paulo. 17h50 – Chegada ao Estádio. 18h – Encontro com os jovens no Estádio Municipal do Pacaembu. Discurso do Papa 20h00 – Viagem de carro do Estádio para o Mosteiro de São Bento. 20h30 – Chegada ao Mosteiro.

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