Bento XVI lamenta que a imobilização do pulso o impeça de abençoar, escrever e cumprimentar
Depois de uma noite tranquila, Bento XVI celebrou missa durante a manhã de Sábado, na casa onde está a passar férias.
O médico que operou o osso fracturado fez hoje uma visita de controlo ao Papa. Uma das cirurgiãs da equipa afirmou que o trabalho realizado na intervenção continua a progredir satisfatoriamente.
Em nota divulgada este Sábado, o director do Gabinete de Imprensa da Santa Sé referiu que o Papa está a aprender a viver com o pulso direito engessado e com os inconvenientes que decorrem dessa situação. "Para ele, o mais doloroso é ter que renunciar a escrever à mão, algo que pretendia fazer com frequência nestes dias" – informou o Pe. Federico Lombardi.
De acordo com o Secretário de Estado do Vaticano, Card. Tarcisio Bertone, a imobilização do pulso de Bento XVI atrasará a escrita da segunda parte do livro «Jesus de Nazaré» – a primeira foi publicada em 2007. "O Papa já tinha em mente a arquitectura do texto", pelo que agora deverá pensar numa maneira alternativa de concretizar as suas intenções, indicou o Secretário de Estado.
O Card. Bertone falou com o Sumo Pontífice ontem à tarde, depois da operação: o que mais o desgostava, adiantou, era não poder abençoar com a mão direita nem apertar as mãos durante o Angelus de amanhã, em Romano Canavese.
A intervenção de Bento XVI durante a oração de Domingo abordará as questões do trabalho, do futuro dos jovens e da defesa da família. Segundo o Secretário de Estado, as palavras do Sumo Pontífice destacarão a importância da solidariedade, numa região marcada pelo desemprego.
No próximo dia 24 de Julho, o Papa rezará a oração de Vésperas na catedral de Aosta e evocará os 900 anos da morte de Santo Anselmo, que nasceu naquela cidade.
O Angelus de 26 de Julho será celebrado em Les Combes, junto à casa de férias.
Seis horas no hospital
O Papa regressou ontem à estância de Les Combes, nos Alpes Italianos, depois de uma permanência de seis horas no hospital de Aosta.
Bento XVI trazia o pulso engessado, na sequência da operação a que foi submetido. O Sumo Pontífice, muito sereno, saudou com o braço esquerdo e com um sorriso os jornalistas que o esperavam à saída.
A intervenção, que durou 25 minutos, consistiu no realinhamento dos fragmentos do osso do pulso, com vista à redução da fractura.
O cirurgião ortopédico que realizou a operação, Amedeo Mancini, afirmou que o acidente não trará consequências, e que quando o pulso estiver curado, o Papa poderá voltar a escrever e a tocar piano.
"Foi um doente especial para uma operação de rotina", referiu Mancini, acrescentando que Bento XVI concordou prontamente com a cirurgia.
Bispos de Itália saúdam Bento XVI
Em mensagem dirigida a Bento XVI, a Conferência Episcopal Italiana (CEI) exprimiu a sua "afectuosa proximidade à pessoa do Santo Padre, por ocasião do incidente doméstico ocorrido em Les Combes."
"Enquanto renovamos, em nome de toda a Igreja em Itália, a oração mais intensa pela sua saúde, queremos confirmar a nossa adesão filial ao seu magistério iluminador, do qual se enriquece não só a comunidade dos crentes, mas todas as pessoas de boa vontade", refere o comunicado.
A nota da presidência da CEI termina com o desejo de que "os próximos dias possam oferecer a Bento XVI a oportunidade para recuperar e apreciar a natureza criada por Deus".
Queda acidental
O Papa deslocou-se na Sexta-feira ao hospital de Aosta, norte de Itália, depois de ter caído na casa onde passa alguns dias de descanso, em Les Combes, Alpes italianos.
As primeiras observações revelaram uma fractura do pulso direito, que foi tratada através de uma pequena operação com anestesia local.
O médico pessoal de Bento XVI, Patrizio Polisca, afirmou que a queda foi acidental, não se devendo a uma doença.
O porta-vos do hospital tinha previsto que o Papa poderia ter alta ao fim da tarde ou à noite.
"Não se trata de algo grave", precisou o porta-vos do Vaticano, Frederico Lombardi, que insistiu que "não há motivo para preocupação". Por medida de precaução, o Papa foi rapidamente assistido, ainda em Les Combes, pelo seu cardiologista e pelo seu reanimador.
Bento XVI foi acompanhado de automóvel ao serviço de urgências, depois de ter celebrado a missa e tomado o café da manhã. A chegada ao hospital ocorreu cerca das 8h45 (hora de Portugal continental).
Depois de ter saído da viatura, protegido por importantes medidas de segurança, o Sumo Pontífice percorreu a pé um longo corredor de admissão, entre uma pequena multidão de curiosos e de doentes que o saudaram. Os médicos submeteram-no a uma radiografia e a um exame completo.
Segundo fontes hospitalares, as observações complementares não detectaram qualquer problema.
(Com Agências)
Foto 1: Bento XVI em Les Combes
Foto 2: Bento XVI à saída do hospital