Papa apela à união dos católicos na América Latina

Bento XVI defende promoção da dignidade humana, evangelização e luta contra a pobreza Bento XVI afirmou hoje que a Igreja na América Latina deve ser uma Igreja “unida na fé” diante da “secularização, da proliferação das seitas e da pobreza de tantos irmãos”. O Papa voltou a falar sobre alguns temas abordados na sua recente viagem ao Brasil, ao receber no Vaticano os representantes da Fundação Populorum Progressio, criada em 1992 pelo Papa João Paulo II para ajudar as comunidades indígenas, mestiças e afro-americanas mais pobres da América Latina. No seu discurso, Bento XVI defendeu que a Igreja deve demonstrar “esperança” e que deve “lutar em favor da dignidade de todos os homens, de uma verdadeira justiça”, fazendo acompanhar a promoção social da pregação do Evangelho. A promoção da dignidade humana, indicou, “é também um meio eficaz para impedir o avanço das seitas”. O Papa afirmou ainda que “a desigualdade social deve dar passagem ao espírito de partilha”, sublinhando a necessidade de promover um “desenvolvimento integral”, com uma “visão antropológica global da pessoa humana” e “tendo em conta que a verdadeira pobreza do homem é muitas vezes a falta de esperança”. Falando da Fundação, o actual Papa lembrou a intuição original de João Paulo II, que “pensava nos povos ameaçados nos seus ancestrais costumes por uma cultura pós-moderna, podendo ver destruídas as suas próprias tradições, tão predispostas para acolher a verdade do Evangelho”. “A Fundação é fruto da grande sensibilidade que João Paulo II demonstrava pelos homens e mulheres que mais sofrem na nossa sociedade. Este trabalho, empreendido há quinze anos, deve prosseguir, seguindo os princípios que têm distinguido o seu empenho a favor da dignidade de cada ser humano e da luta contra a pobreza”, disse. Quase a concluir, o Papa sublinhou “a exemplaridade do método de trabalho” desta instituição, “modelo para toda e qualquer estrutura de ajuda”. Cada projecto apresentado é sempre acompanhado de uma carta do Bispo local que garante que a necessidade é real, que a realização terá lugar no tempo assinalado e que conta com a sua aprovação e com os serviços diocesanos. Desta forma, a estrutura organizativa da Igreja possibilita, sem gastos adicionais, que se chegue a todos os recantos, mesmo nas localidades de floresta mais escondidas. “Deste modo, a decisão está nas mãos de quem conhece bem os problemas das populações e as suas necessidades concretas. Evita-se assim certo paternalismo, sempre humilhante para os pobres e que trava a sua iniciativa, e por outro lado os fundos chegam na sua totalidade aos mais necessidades, sem se perderem em grandes processos burocráticos”, concluiu o Papa. Desde 1992 até hoje, a Fundação ajudou mais de 2000 projectos, cujo financiamento chegou aos 20 milhões de dólares. A prioridade da educação para o desenvolvimento é o elemento mais significativo do compromisso da Igreja nos países latino-americanos. A Fundação tem a sua sede no Conselho Pontifício “Cor Unum”, na Cidade do Vaticano, cujo presidente, o Arcebispo Paul Cordes, é também presidente da Fundação e seu representante legal.

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Agência ECCLESIA

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