Papa alerta para a ditadura dos media

Bento XVI defende necessidade de uma «info-ética» contra o materialismo económico e do relativismo ético Bento XVI pediu hoje que os meios de comunicação social não sejam colocados ao serviço dos interesses dominantes e ideologias, impondo “modelos errados de vida pessoal, familiar ou social”. Na sua mensagem para o 42.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa alerta para o risco de os media “se transformarem em sistemas que visam submeter o homem a lógicas ditadas pelos interesses predominantes de momento”. “É o caso de uma comunicação usada para fins ideológicos ou para a venda de produtos de consumo mediante uma publicidade obsessiva. Com o pretexto de se apresentar a realidade, de facto tende-se a legitimar e a impor modelos”, atira. Num texto dedicado ao tema “Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Procurar a Verdade para compartilhá-la”, Bento XVI considera que “é preciso evitar que os media se tornem o megafone do materialismo económico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo”. O Papa denuncia a tirania das “audiências”, que leva a recorrer “à transgressão, à vulgaridade e à violência”. Existe, adverte ainda, “a possibilidade de serem propostos e defendidos, através dos media, modelos de desenvolvimento que, em vez de reduzir, aumentam o desnível tecnológico entre países ricos e pobres”. Considerando que, num mundo globalizado, os meios de comunicação social são cada vez mais “parte constitutiva das relações interpessoais e dos processos sociais, económicos, políticos e religiosos”, o Papa frisa que “os media, no seu conjunto, não servem apenas para a difusão das ideias, mas podem e devem ser também instrumentos ao serviço de um mundo mais justo e solidário” Falando numa mutação do lugar dos media, a mensagem de Bento XVI observa que “o papel que os instrumentos de comunicação assumiram na sociedade é já considerado parte integrante da questão antropológica, que surge como desafio crucial do terceiro milénio”. “De modo semelhante ao que se verifica no sector da vida humana, do matrimónio e da família e no âmbito das grandes questões contemporâneas relativas à paz, à justiça e à defesa da criação, também no sector das comunicações sociais estão em jogo dimensões constitutivas do homem e da sua verdade”, prossegue. Bento XVI defende a necessidade de uma “info-ética”, nas comunicações socias, para que estas “defendam ciosamente a pessoa e respeitem plenamente a sua dignidade”. “Quando a comunicação perde as amarras éticas e se esquiva ao controle social, acaba por deixar de ter em conta a centralidade e a dignidade inviolável do homem, arriscando-se a influir negativamente sobre a sua consciência, sobre as suas decisões, e a condicionar em última análise a liberdade e a própria vida das pessoas”, escreve o Papa. Bento XVI considera que “a comunicação parece, às vezes, ter a pretensão não só de apresentar a realidade, mas também de a determinar graças à capacidade e força de sugestão que possui”. “Constata-se, por exemplo, que em certos casos os media são utilizados, não para um correcto serviço de informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos”, indica, para sublinhar que “nem tudo aquilo que for tecnicamente possível é eticamente praticável”. O 42.º Dia Mundial das Comunicações será celebrado a 4 de Maio de 2008. Esta foi a única celebração mundial decidida pelo Concílio Vaticano II (“Inter Mirifica”, 1963), sendo celebrada na maioria dos países no Domingo que antecede a Solenidade de Pentecostes. A mensagem para este dia é publicada todos os anos a 24 de Janeiro, por se celebrar a memória litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro das comunicações sociais. Notícias relacionadas • «Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Procurar a Verdade para compartilhá-la»

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