Papa alerta contra secularismo «agressivo»

Bento XVI passa em revista viagem ao Reino Unido e diz que falou a «todo o Ocidente»

Bento XVI repetiu hoje os seus alertas contra o “secularismo agressivo que ameaça os valores fundamentais”, em especial nas sociedades ocidentais, ao fazer um balanço da sua visita ao Reino Unido, realizada entre 16 e 19 de Setembro.

“Se há um secularismo agressivo que ameaça os valores fundamentais, a Igreja não se cansa de trabalhar para manter desperta esta tradição espiritual e cultural”, disse o Papa, falando em português, na audiência pública desta semana.

Bento XVI pediu que os católicos defendam “aquelas verdades morais imutáveis que, iluminadas e confirmadas pelo Evangelho, estão na base de uma sociedade verdadeiramente humana, justa e livre”.

Sobre a sua viagem ao Reino Unido, o Papa afirmou que a mesma foi um “acontecimento histórico” que marcou uma “nova e importante fase” na relação “longa e complexa” entre o país e a Santa Sé.

Numa intervenção pronunciada esta quarta-feira, dia 22, no Vaticano, o Papa afirmou que a sua visita como chefe de Estado constituiu “uma peregrinação ao coração da história e da actualidade de um povo rico de cultura e fé”.

 “Ao dirigir-me aos cidadãos daquele país, encruzilhada da cultura e da economia mundial, tive presente todo o Ocidente, dialogando com o pensamento desta civilização”, explicou.

Perante milhares de peregrinos, Bento XVI confessou: “Esta viagem apostólica confirmou em mim uma profunda convicção: as antigas nações da Europa têm uma alma cristã, que constitui um todo com o ‘génio’ e a história dos respectivos povos, e a Igreja não cessa de trabalhar para manter continuamente esta tradição espiritual e cultural”.

Na catequese inteiramente dedicada aos acontecimentos mais importantes da visita, o Papa frisou que a religião não deve “representar um problema a resolver, mas um factor que contribui de modo vital para o caminho histórico e para o debate público da nação, em particular para relembrar a importância essencial do fundamento ético”.

O destaque principal da viagem foi a beatificação do cardeal John Henry Newman (1801-1890), “um dos maiores ingleses dos tempos recentes, insigne teólogo e homem da Igreja” autor de obras que “ainda conservam uma extraordinária actualidade” e que “merece ser conhecido por todos”.

O rito de beatificação, no último Domingo, foi, nas palavras de Bento XVI, “o momento mais alto” da sua passagem pelo Reino Unido.

Anteriormente, o Papa encontrara-se com “algumas vítimas de abusos” por parte do clero e religiosos: “Foi um momento intenso de comunhão e oração”, disse.

À chegada, depois da passagem pela “histórica capital da Escócia”, o Papa viajou para Glasgow, onde presidiu à primeira eucaristia da viagem, celebração “de intensa espiritualidade, muito importante para os católicos do país”.

O segundo dia da visita, em Londres, foi marcado por “um dos momentos mais significativos” da viagem: “o encontro no grande salão do Parlamento britânico com personalidades institucionais, políticas, diplomáticas, académicas, religiosas”.

Seguiu-se a oração na abadia de Westminster, onde “pela primeira vez um Sucessor de Pedro entrou no lugar de culto símbolo das antiquíssimas raízes cristãs do país”.

“A recitação da oração de Vésperas, juntamente com as diversas comunidades cristãs do Reino Unido, representou um momento importante nas relações entre a comunidade católica e a comunhão anglicana”, indicou.

Da missa celebrada na catedral de Westminster, igualmente em Londres, Bento XVI lembrou a “alegria” que sentiu ao ter encontrado “um grande número de jovens” que participavam na eucaristia.

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