Pão dos pobres «mata» a fome a carenciados

A tradicional oferta do pão dos pobres na igreja dos Terceiros, em Braga, se em alguns casos acontece apenas para cumprir um costume, em muitos outros ajuda a matar a fome de muitos pobres e carenciados da cidade de Braga. Ontem, naquele igreja de Braga, a uma enchente de fiéis, foram dados, no total, mais de 1200 pães. A oferta constava de broas de pão com mais de um quilo e também um pequeno cabaz com mercearia, contendo «óleo, açúcar, arroz, massa, leite, bolachas e atum», segundo informou a organização. Ao final da tarde, depois da missa das 18h00, cumpriu-se a segunda parte da mesma tradição de Santo António, que manda dar a todas as pessoas um pão, este mais pequeno. A responsabilidade desta entrega, que se faz há mais de um século, é da actual comissão administrativa da Ordem Terceira, que cumpre esta tradição com o dinheiro das esmolas que caem, ao longo do ano, junto da imagem de Santo António daquele espaço de culto. Para uma boa parte das pessoas que passou ontem nos Terceiros, aquela oferta de pão, de mercearia, de roupas e calçado, não deixa de ser uma grande ajuda para evitar algumas despesas que os orçamentos familiares já não conseguem suportar. É o caso de uma senhora que, aguardando a sua vez, afirmou ao Diário do Minho, que pelo menos nestes dias, com aquele pão, a fome ia ser menor. Maria José Proença, da comissão organizadora, referiu que, além desta iniciativa no dia de Santo António, todos os meses são atendidos naquela igreja mais de 100 pessoas pobres, devidamente identificadas e inscritas para receber a ajuda da ordem. O padre António Domingos, que presidiu à Eucaristia das 08h30, disse que não é fácil realizar aquilo que se perspectiva. O sacerdote defende, por isso, que «é necessário criar uma equipa para assinalar e contactar as pessoas necessitadas de ajuda e apoio ao nível da cidade de Braga». «São os párocos que conduzem para nós os casos urgentes das pessoas carenciadas que existem nas suas comunidades». Mesmo assim, o padre António Domingos considera que «o trabalho de assistência social não se pode cingir a dar coisas». «Nós queremos ajudar os que são efectivamente necessitados e, para isso, contamos com os párocos e outras instituições civis, para atestarem numa espécie de “credencial” que aquela pessoa concreta precisa de ajuda», referiu o sacerdote. Ontem foi também apresentada, na igreja dos Terceiros, à margem das comemorações, a segunda edição, revista e aumentada, do livro “Santo António de Lisboa. Vida e Obra. A história da sua imagem na igreja dos Terceiros, Braga”, da autoria de Maria José Proença.

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Agência ECCLESIA

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