(Após o acto de tomada de posse, Mons. Luciano Guerra entregou, num gesto simbólico a chave da Reitoria ao novo Reitor, Padre Virgílio do Nascimento Antunes) Senhor Bispo, caros irmãos sacerdotes, irmãs e irmãos leigos! Ao Senhor D. António Marto, nosso Bispo, que neste momento me dispensa da missão de Reitor do Santuário de Fátima, para a entregar a ti, caro P. Virgílio, agradeço dar-me a possibilidade de realizar um gesto concreto, a que pareceu adequado chamar «entrega das chaves da Reitoria». O sacerdócio cristão é uma participação no Sumo Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor Jesus usou a alegoria das chaves – que fecham e abrem, tanto casas como cidades – para entregar a Pedro a missão e o poder de conduzir o Povo de Deus, de modo a abrir o seu coração a tudo o que vem do alto e a fechá-lo às solicitações do Demónio. Sendo assim, parece que também ao Reitor do Santuário podem ser entregues as chaves do mesmo, com a recomendação de que procure exercer este múnus à maneira de Pedro e seus sucessores, quer dizer, sempre de olhos postos n’Aquele que é o Bom Pastor, fonte e oceano onde nascem e desaguam as graças que aqui vêm procurar os peregrinos do Santuário. Tendo o Senhor Bispo intenção de entregar ao novo Reitor – segundo norma do Estatuto do Santuário e do Direito Canónico – a responsabilidade última de tudo o que aqui se passa, é lógico que todas as suas portas entram nesta tomada de posse, a fim de que, por si ou por outrem, as possa abrir e fechar, quando necessário ou conveniente. Sendo assim, vou entregar-te a ti, meu caro P. Virgílio, não as chaves todas de todas as portas do Santuário – o que seria fisicamente impossível, por serem certamente mais de mil – mas a chave do gabinete da Reitoria, que ocupei até este momento, e que será teu a partir de agora. Deixo-te lá, como herança e sinal de continuidade, três objectos de culto, que em certo sentido fazem um só: um Crucifixo; uma pequena estátua do Imaculado Coração de Maria; e uma imagem dos Beatos Francisco e Jacinta. Oxalá te sirvam a ti, como me serviram a mim. Prometo solenemente que te acompanharei na oração, para que os Pastorinhos, Nossa Senhora e as Três Pessoas Divinas te conduzam pelos caminhos da alegria cristã, e te sustentem nos braços, quando tiveres de carregar a cruz das decisões mais graves ou dolorosas. Prometo assim também que tudo farei – no pensamento, na palavra, na acção e se necessário no silêncio – para que te sintas tão feliz como eu, e pelo tempo que o Senhor te destinar, oxalá que muitos anos, como me destinou a mim. Com um grande e fraterno abraço, aqui te entrego as chaves da Reitoria do Santuário. Pe. Luciano Guerra, Reitor cessante