Pais no século XXI – Um desafio a vencer

Conclusões do encontro O meu primeiro agradecimento a toda a Comissão Organizadora deste evento e em especial à Sr.ª Dr.ª Maria da Conceição Seabra Gomes pelo convite que me fez para a elaboração das conclusões deste Congresso. Foi um prazer participar e um privilégio presenciar os momentos que aqui se viveram. Não poderei reproduzir neste trabalho de síntese, a profundidade de todos os temas e questões que foram abordadas…Mas, partilharei convosco o que considerei mais significativo e a reter. Vieram meninos da cidade (Academia de Música de St.ª Cecília) e do campo (Coro Infantil de Belgais). Trouxeram sons de arte que comoveram tanto pela ternura como pelo rigor. E trouxeram à nossa memória colectiva, raízes, e o direito às raízes foi uma ideia partilhada pelo Sr. Juiz Conselheiro Armando Leandro na sua intervenção. O mundo parecia assim estar em equilíbrio. E o futuro promissor. E assim, até os desafios mais ambiciosos, para um século inteiro, perderam a capa de Adamastor e tornaram-se boa esperança. Pela primeira vez em 18 anos de participações em eventos deste género, vi a condição humana tão bem representada na sua dupla situação de profissionais e pais em igualdade de circunstâncias. A reforçar isso tivemos a presença permanente dos pais da Madalena e da Marta que efectuaram a apresentação do programa durante todo o Congresso. Estas conclusões foram organizadas em função das várias comunicações e agrupadas em três partes, as quais foram denominadas como: I. DE ONDE PARTIMOS A ONDE ESTAMOS II. QUE CAMINHO III. TESTEMUNHOS DE FILHOS E PAIS. I – DE ONDE PARTIMOS A ONDE ESTAMOS De um “Conselho Maternal”, termo utilizado pela Dr.ª Margarida Neto, alusivo à referência de há dez anos feita pela Dr.ª Raquel Ribeiro, aquando das comemorações do Ano Internacional da Família, para que as associações de unissem, à situação actual já com uma Federação Portuguesa das Associações para a Formação Parental criada e que integra as seguintes Associações: – AFEP – Associação para a Formação de Pais (Lisboa) – Associação Famílias (Braga) – CENOFA – Centro de Orientação Familiar (Lisboa e Leiria) – Instituto da Educação – UCP (Lisboa) – EPN – Escola de Pais Nacional (Porto) – MDV – Movimento de Defesa da Vida (Lisboa). Estas Associações partem do princípio da confiança nas competências dos pais para o exercício das suas funções enquanto tal, em ordem ao desenvolvimento integral da criança e da cooperação entre gerações. E parafraseando uma frase trazida pela Dr.ª Conceição Seabra Gomes, “só consegue ser educador aquele que se vai educando”. E aqui está a dificuldade e a oportunidade: no carácter dinâmico da questão. As acções já realizadas pela Escola de Pais, quer em Portugal quer no estrangeiro com famílias emigrantes, conferem a esta nova metodologia de intervenção, experiência significativa, e alertam para o seguinte: – a necessidade de não se ser fundamentalista face ao modelo a implementar e adaptar a formação às necessidades e realidade específica do grupo de pais em presença. Esta Formação tem sido dirigida a grupos de pais de associações de pais, escolas, paróquias etc. onde são apresentados problemas ao nível comportamental das crianças, dificuldades de aprendizagem ou necessidades especiais. As associações promovem ainda a formação de técnicos para desenvolverem os programas que levam a efeito. Estas Associações vivem com dificuldades económicas, já que vivem do valor das quotas, donativos e receitas da formação. Têm tido apoio da Coordenação Nacional para os Assuntos da Família, o que na pessoa da sua coordenadora, Dr.ª Margarida Neto, reflecte o interesse e a necessidade de se olhar para esta área da Formação Parental seriamente, de forma a que as Políticas de Família em Portugal, integrem apoios às várias associações e que segundo o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, congreguem em vez de separar. Foi também efectuado um apelo à dinamização da sociedade civil para uma maior participação nesta área. Monsieur Moncef Guitouni, afirma que Portugal, conjuntamente com a Bélgica e o Canadá, está na linha da frente das preocupações com a família. Chama-lhe até “paixão pela família”. O Presidente da Fédération Internationale Pour L`Education dês Parents (FIEP), refere ainda que a segurança afectiva proporcionada pelos pais deve também contemplar o desenvolvimento da coragem nas crianças e nos jovens, conferindo-lhes autonomia para que tomem consciência cívica dos seus direitos e deveres face à Sociedade e à Humanidade. Coloca os pais num papel preponderante na resolução de dilemas actuais face ao futuro. Na luta pelo lugar de educadores de excelência, não podendo continuar a ser ultrapassados pela televisão, pelas novas tecnologias, pela escola que também não pode continuar a desempenhar todos os papéis que lhe são conferidos. Há que ter um olhar atento a estes pais que se encontram em desespero e apoiá-los para não comprometer mais o futuro, dadas também as grandes alterações demográficas, com os baixos índices de natalidade dos países ocidentais. A Sr.ª D. Maria José Ritta refere a necessidade de uma nova cultura educativa, sem qualquer presunção ao nível da formação parental mas com a convicção de que se deve apoiar os pais no desenvolvimento das competências que lhe estão adstritas naturalmente. Como salientou a Dr.ª Margarida Neto, enquadrar a família como núcleos de coesão social, de desenvolvimento humano, alertando para as maiores dificuldades de chegar às famílias mais vulneráveis, o que requer atenção especial por parte destas associações. Sendo que a Formação Parental tem que ser um bom instrumento ao serviço do País dado que encerra em si mesma, projectos de cidadania. Há no entanto que partir do pressuposto, como alertou o Dr. Daniel Sampaio, de que não existe uma Família, mas Famílias e que estas nas suas dinâmicas tendem sempre para o equilíbrio. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar conta com 25 anos de existência, mas a rede de apoios a esta nova problemática encontra-se ainda em fase embrionária, como os Gabinetes de Mediação Familiar, exigindo o desenvolvimento e consolidação de várias respostas e serviços de apoio à Família. Como afirmou o Conselheiro Armando Leandro, só teremos uma efectiva cidadania activa quando esta integrar um exercício parental equilibrado, baseado numa cultura da criança e da família. Encontramo-nos actualmente numa realidade em que, segundo o Prof. Dr. Júlio Santos Silva, confiámos que a escola resolvia a questão educativa, esquecendo que não responderia à questão profunda da cultura de valores. E a “educação fundamental” que é uma questão de cultura, pertence à família. Hoje, temos 68% de núcleos familiares sem filhos ou só com um filho; filhos dependentes por mais tempo; a coexistência de várias gerações; e os problemas de cidadania parecem ficar “resolvidos” pelo sistema de dependência instalado, mas será assim? Teremos que investir numa atitude de capacitação para a autonomia, o que de certa maneira contraria as atitudes de proteccionismo instaladas. Precisamos de entender a família como uma realidade em interacção com outras realidades, numa linha de pensamento orgânico como afirma o Dr. Marinho Antunes. Numa constante procura de equilíbrio, embora este não exista na vida social; identifique-mo-lo assim como um equilíbrio dinâmico, ou em permanente busca e em permanente perda. Num trabalho de formação parental, deveremos ter em conta: – a complexidade e a diversidade dos modelos familiares, sem querer impor aquele que é a referência de cada um, o que implica um equilíbrio ente o eu-tu-nós o que por sua vez exige capacidade de leitura do fenómeno em presença; – a intervenção na família deve situá-la no seu contexto próprio, nas suas relações com o seu meio envolvente; – a necessidade de ultrapassar a visão parcelarizada para uma nova realidade que é a da efectiva interacção entre a natureza e cultura, com todas as alterações sociais que se encontram na sociedade dos dias de hoje (novas formas de família, novas formas de conceber filhos, etc.); e ainda – a necessidade de rever os papéis de cada um nos desafios que se nos colocam na perspectiva de um “equilíbrio dinâmico”, na vivência dos mistérios da vida e da morte. Os pais de hoje questionam-se mais de como fazer melhor e é aqui que está a oportunidade de evolução. Tendo por base que os valores para o século XXI têm necessariamente que se construir na interacção social e não poderemos considerar o “Património dos valores de hoje como um museu”, dado que vivemos numa sociedade em constante mudança e interdependente, há sim que valorizar o indivíduo na busca da sua plenitude, que poderá ter várias formas mais materialistas ou não. O Dr. António Pinto Leite referiu a “ternura como um dos principais critérios de felicidade” e houve quem apelidasse o Prof. Gomes Pedro e o Dr. Freitas Gomes como “os mestres da ternura”. O Prof. Gomes Pedro apresentou-nos a metodologia “Touch Points”, alertando para um novo conceito de desenvolvimento humano, onde os “Touch Points” são considerados pontos de viragem, períodos significativos da vida das crianças que provocam desajustamentos pessoais e familiares mas que nem por isso deixam de ser naturais. Defende a aliança fundamental entre o profissional e a família como uma das linhas de força desta metodologia, reforçando a importância da partilha com os pais de todas as componentes dinâmicas do desenvolvimento da criança (ex.: a cólica como um momento de reorganização do bebé). Defende ainda a potenciação da abordagem multidisciplinar, de acordo com as referências do meio envolvente de cada criança. Educar é, segundo o Prof. Gomes Pedro viabilizar coerência na relação entre identidade e circunstância. O nosso destino é relacional e este é o cerne da questão educacional dos nossos dias. O sentimento de si e da forma como vê as suas relações e o significado que lhes atribui é decisivo. É nos primeiros períodos sensíveis da vida que construímos ou não o nosso sentido de coerência. Urge reconceptualizar o conceito de saúde e aproximar este da educação, da justiça e do ambiente. A actividade médica nos nossos dias é ainda centrada na patologia. Há a necessidade de passar de um modelo patológico para um modelo biológico e relacional onde se promova a resiliência das famílias, dado que a educação ganha-se ou perde-se no grau de resiliência que cada um consegue face à vida. O Dr. Freitas Gomes trouxe-nos uma comunicação que não me permitiu registar muitas notas porque a natureza da sua mensagem teve outro condão. Sob o tema “Necessidades de afecto e pertença”, apresentou-nos a Teoria da Vinculação, onde salientou que esta envolve interacção. Referiu também a importância da reabilitação do prazer, a segurança como a motivação mais importante para o ser humano e a protecção como a principal função do comportamento de vinculação. Mas a forma da sua comunicação teve a função de contrariar o instituído, o questionar permanente daquilo que são os nossos dados adquiridos, a importância de nos pormos em causa. O riso e o mexer-se na cadeira da assistência foram talvez um bom prenúncio para este início de século. II – QUE CAMINHO A Dr.ª Fátima Perloiro na Mesa sobre “Quem educa os nossos filhos”, sossega-nos ao afirmar que independentemente dos medos legítimos dos pais face aos eventuais amigos dos filhos, os seus benefícios são amplamente superiores, dado o papel destes no desenvolvimento social e emocional das crianças ao nível do altruísmo, da assimilação de regras, do sentimento de pertença etc.. A amizade baseia-se numa interdependência voluntária, dado que é a menos programada das relações sociais, embora com grande significado. As várias fases de crescimento estão assim correlacionadas com várias visões do que é a amizade. Dos testemunhos trazidos por crianças, um pareceu de grande utilidade aos pressupostos da Formação Parental “Com os amigos aprendem-se coisas fabulosas como saber ajudar”. Para além dos amigos, a Sr.ª Prof.ª Dr.ª Isabel Valente Pires, apresenta-nos a função da Escola ao nível educativo, não sem antes defender a Família como a primeira responsável. Embora a Escola tenha vindo a ganhar espaço nesta função, requer uma atitude atenta por parte dos pais, questionando “que articulação entre Escola e Família?”. A Escola deverá passar de uma cultura de dependência para uma cultura de empreendimento, dado que são essas competências as defendidas pelos pais. Ao escolher uma Escola, dever-se-á ter em atenção: o projecto educativo (princípios, sistema de valores, objectivos, opções pedagógicas) e as condições da sua efectivação, não só ao nível dos conteúdos académicos como dos recursos humanos e dos espaços de recreio, actividades extra-escolares, etc. O papel das novas tecnologias na educação dos nossos filhos foi abordada pela Sr.ª Prof.ª Dr.ª Maria Pereira Coutinho. Chamou-nos a tenção para uma realidade de grande peso na nossa sociedade: a utilização das novas tecnologias e as suas implicações na vida humana, nomeadamente ao nível educacional. Que nova concepção de Homem se impõe? Que desafios estas tecnologias colocam aos pais? Que função educativa é dada a estes últimos? A atenção para o facto de na sociedade actual da informação e do conhecimento estas tecnologias serem amplamente valorizadas por contraponto às formas anteriores de comunicação. (Prometerão o que não poderão cumprir?) O Sr. Eng.º Roberto Carneiro lança o desafio de que “Precisamos de pais educadores!”. Se a realidade de hoje se nos apresenta com algum desespero e desorientação parental face a questões como a omnipotência infantil, importa reforçar que a função educativa é dos pais e não pode nem deve ser transferida para outros agentes. E refere “ mudar para melhor a forma como os pais educam os filhos será a melhor coisa a fazer para o seu desenvolvimento cognitivo”. No entanto, “para que uma família funcione educativamente é imprescindível que alguém nela se resigne a ser adulto”. Num ninho de inter relações de cuidados entre os vários elementos da família, de partilha, há que conciliar a manutenção da individualidade; só uma comunidade de afectos partilhados poderá ser um motor de esperança. Essa esperança passa necessariamente por se devolver à família a função reguladora da educação dos seus filhos; como único e insubstituível agente de regulação afectiva, social, cognitiva, emocional e psicológica da educação. Esta educação, segundo o Eng.º Roberto Carneiro, requer disciplina e disciplina requer valores. Se não existirem regras as crianças ficarão em risco. Defende ainda que a reforma do sistema educativo implica uma devolução à comunidade da sua escola, entendendo esta não só como o recurso académico, mas institucional desde a creche por exemplo. São as comunidades que deveriam definir o seu plano estratégico e as respectivas estruturas operativas desse plano em função da sua realidade, através do seu conselho escolar constituído pelas forças vivas do meio. Ao estado caberia uma função reguladora e supletiva. O Sr. Conselheiro Armando Leandro refere que a aquisição da criança e da pessoa como agente de direitos é uma valor recente e deveremos praticar a ética da discussão. Vivemos numa era em que vigora o princípio da igualdade de direitos e deveres dos pais numa perspectiva de biparentalidade, mas o que vemos em situações de ruptura como o divórcio, não é isso. Nessas situações, as relações parentais devem ser asseguradas como um direito dos filhos e, este trabalho, não compete só ao Estado mas também à sociedade civil, às IPSS, à Igreja, às Universidades, etc. para um verdadeiro investimento na Educação Parental. Se a magia e a maravilha da vida se inicia cedo, que a educação nesta área também se inicie cedo. As situações de vulnerabilidade infantil e familiar requerem um maior investimento ao nível da formação parental. Entendamos a Formação Parental como um instrumento fundamental da qualidade de vida. Onde voluntários poderão também receber essa formação para o devido efeito multiplicador junto das famílias. É ainda defendido que as nossas acções sejam sujeitas a metodologias de investigação acção. No caso das famílias adoptantes, não deveremos só pensar na criança mas também no futuro da família em causa e intervir no âmbito das suas competências. Foi referido que “o afecto é tão natural como o sangue”. Ao nível operativo é sugerido que estas Associações integrem as Comissões alargadas das CPCJ para a prevenção precoce. Ao nível da prevenção primária e secundária estes recursos poderão ainda colaborar no acompanhamento e/ou apoio aos pais, tornando-se eventualmente elementos fundamentais na celebração dos Acordos de protecção dos menores. Há assim, que confiar na sociedade civil ao nível do desenvolvimento de projectos de Educação Parental com o apoio estatal, tendo sempre em conta que os próprios direitos da criança não são estáticos mas dinâmicos e a Educação Parental é um direito da criança. A Prof. Dr.ª Helena Marujo trouxe-nos uma reflexão subordinada ao tema “Mãe e Pai numa educação que se complementa”, onde defende que o conceito de complementaridade implica diferença. Depois de se crer que um bom pai é igual à mãe, deseja-se que cada um potencie as suas especificidades, pela riqueza dessa diferença. A caminho da construção de novos futuros, o pai passa de periférico a central na família, ao mesmo tempo que a mãe se vira para o mundo exterior. O Sr. Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa apresentou-nos a sua própria experiência vivenciada a três níveis: – A educação recebida pelos seus progenitores; – As lições retiradas da educação com os filhos; – A experiência conferida pela actividade de professor. No primeiro nível salienta a formação dos filhos em ambiente de amor, serviço e disponibilidade baseada em princípios onde a educação foi um processo constante, não tanto teórico mas de obras, de exemplo. “A educação como uma actuação a tempo inteiro”. No segundo nível, a educação faz-se de referenciais, de valores, de rituais, de locais, de comportamentos, em que “as casas não são paragens de autocarro”. A importância de progressivamente terem conhecimento da vida, do mundo e até da própria vida dos pais. Segundo o Prof. não há vida dos filhos e vida dos pais, mas sim vida de família. No terceiro nível, refere as dificuldades de comunicação com os pais pelas prioridades estabelecidas, as quais têm custos familiares apreciáveis. O papel da comunicação social nos dias de hoje é também uma preocupação significativa, pelo peso decisivo que detém. Os pais têm que encontrar espaços próprios nessa realidade. III – TESTEMUNHOS DE FILHOS E PAIS As experiências relatadas por uns (filhos) e outros (pais) que participaram neste Congresso, trazem na natureza dos seus testemunhos, valores que talvez importe reforçar; como sejam: – A formação moral (no caso católica), com uma forte vivência de testemunho de vida e comprometimento social; – O optimismo entusiasta gerador de confiança; – A família como porto de abrigo; – A identificação clara de valores e prioridades e a vivência pelos pais desses valores defendidos; – A importância da abertura dos mais velhos aos novos valores como forma de aprendizagem dos próprios pais face à realidade actual; – Uma actuação de equilíbrio entre o que se deve impor, o que se deve receber e o que se deve partilhar; – Valorização do papel dos avós no período da adolescência pelos graus de vulnerabilidade que avós e netos detém nesta fase, face aos pais; – A experiência da formação parental e da orientação familiar como acções preventivas de rupturas familiares; – A importância de uma herança familiar de amor, flexibilidade e liberdade com responsabilidade; – A porta aberta aos amigos e o regime de comunicação estabelecido “aquilo que semeamos no dia-a-dia, colhe-se nesses mesmos dias” (Dr.ª Laurinda Alves) – Só podemos viver com critérios que permitam estabelecer prioridades; – Aprende-se sempre na troca. Como último testemunho de um pai, na pessoa do Dr. António Pinto Leite, “Espero que os meus filhos saiam doutorados em capacidade de amar”. Para finalizar, gostaria de encerrar estas conclusões com um poema de Pablo Neruda “Ode à Esperança” dedicado a todas as famílias mais vulneráveis e mais fragilizadas do nosso País, para que um dia encontrem um caminho… ODE À ESPERANÇA Pablo Neruda Crepúsculo marinho, No centro Da minha vida, De ondas como uvas, A solidão do céu, Enches-me E transbordas, Todo o mar, Todo o céu, Movimento E espaço, Os brancos batalhões da espuma, A terra cor de laranja, A cintura Incendiada Do sol agonizante, Dádivas sobre dádivas, Aves Que aos seus sonhos Acorrem, E o mar, o mar, Aroma Ondulante, Coro de sal sonoro, Enquanto nós, Os homens, À beira da água Vamos lutando E esperando Á beira do mar, Esperando. “Tudo se realizará” Dizem as ondas ao duro litoral. Cecília Cavalheiro

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