Luís Filipe Santos, Agência ECCLESIA
“É pelas obras da Caridade que os homens conhecem e se apercebem da existência de Deus. Caridade que não seja uma palavra vã, nem seja uma caricatura, muito menos uma pintura. Muito menos, ainda, a maneira como o mundo mentiroso costuma aplicá-la e apresentá-la” – estas palavras foram proferidas em Lisboa (Tivoli) pelo Pe. Américo Monteiro de Aguiar, em junho de 1956, um mês antes da sua morte. 50 anos depois da sua «partida» (16 de julho de 1956) a sua memória continua bem viva e os seus seguidores ainda recordam o amor que o Pai Américo tinha para com os mais desfavorecidos. Numa célebre peregrinação de 13 de maio, no Santuário de Fátima, disse aos milhares de peregrinos que ali acorreram que “eu não sei viver mais nada, eu não sei dizer mais nada, eu não sei sentir mais nada, senão somente o pobre e este crucificado…”- (In: Ramos, José da Rocha; «Padre Américo – Místico do nosso tempo»)
Américo Monteiro de Aguiar nasceu em Galegos, concelho de Penafiel, a 23 de outubro de 1887. Ramiro Monteiro de Aguiar e Teresa Rodrigues Ferreira deram à luz aquele menino que deveria chamar-se Adriano. Só que, no dia do Baptismo, o seu padrinho “exigiu que se chamasse Américo, em memória do cardeal D. Américo, ao tempo prelado portucalense” – (In: Ramos, José da Rocha). Segundo alguns biógrafos, Américo quis bem cedo ingressar no Seminário do Porto, mas sofreu resistências do seu Pai. Com doze anos entra para o Colégio do Carmo, em Penafiel, onde a disciplina era austera. No ano seguinte muda-se para o Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras, mas a vontade de ir para o Seminário da cidade do Douro mantêm-se mas o progenitor continua inabalável nas suas decisões.
De vendedor de ferros até África
Em 1902, o pequeno Américo vai «vender ferros» – segundo a pitoresca linguagem da mãe – para uma casa da Rua Mouzinho de Albuquerque, da cidade invicta. Quatro anos mais tarde (novembro de 1906) parte para Moçambique onde tem o seu irmão Jaime. Naquele país africano trabalhou intensamente e conhece um sacerdote franciscano, o Pe. Rafael Assunção, de quem se torna amigo e com o qual travará, anos mais tarde, “longos colóquios em Lourenço Marques, não já como padre, mas como bispo” – (In: Ramos, José da Rocha). Este franciscano esteve nas missões daquela Ordem desde maio de 1898 mas em 1920 foi nomeado bispo titular de Augusta e prelado de Moçambique. Anos mais tarde (24 de novembro de 1956), D. Rafael escreveu no «Gaiato» que o “gabinete das nossas conversas depois do jantar era a varanda da minha residência. Foi na intimidade destes colóquios que penetrei na alma do Américo e nos seus anseios”.
Dos verdes anos passados em terras de África “muito pouco sabemos porque o «Africanista» era dotado de um carácter extremamente reservado, especialmente, no tocante ao seu passado” (In: Ramos, José da Rocha). Em 1923, regressou insatisfeito a Portugal e chegou a pensar instalar-se no Funchal (Ilha da Madeira). Posteriormente, por motivos de negócios, parte para Londres (Inglaterra). A ideia do Seminário nunca lhe saiu da cabeça e, passado algum tempo, toma a resolução de se fazer frade mendicante e ingressou no convento franciscano de Vilariño de la Ramallosa, Tuy, Espanha. A amizade consolidada com D. Rafael Assunção influenciou “bastante o jovem Américo na caminhada espiritual” (In: Ramos, José da Rocha). Esteve no noviciado dos franciscanos de outubro de 1923 ao verão de 1925. Algum tempo após a tomada do hábito dos seguidores de S. Francisco é aconselhado a abandonar a Ordem. Regressa à sua terra natal e, juntamente com o seu irmão, Pe. José, apresenta-se ao bispo do Porto, D. António Barbosa Leão, para requerer o ingresso no Seminário daquela cidade. O pastor da diocese respondeu negativamente. “É veleidade. Não admito. Tenho tido desgostos e desenganos em casos semelhantes…” – (Rollo, Nunes; «Padre Américo – o altruísta»).
Coimbra recebeu o pai dos pobres
Depois daquela desilusão, dirige-se ao bispo de Coimbra, D. Manuel Luís Coelho da Silva, que era natural da diocese do Porto (concelho de Penafiel). Américo Aguiar conheceu D. Manuel nos tempos em que trabalhava na «venda de ferros» naquela cidade e este era vigário geral da diocese. Foi o prelado de Coimbra que ordenou (28 de julho de 1929) este «sonhador» que uns anos mais tarde, aquando da morte de D. Manuel da Silva (1 de março de 1936), escreveu no 1º volume «Pão dos Pobres»: “deu-me as Ordens Sacras, fez-me sacerdote: o maior de todos os títulos, para a maior de todas as gratidões. Homem de uma só palavra («eu não sou francês»), viveu, sofreu e morreu pela justiça e pela verdade”. A sua vocação sacerdotal desponta ainda na infância, mas, em virtude de várias circunstâncias externas, não conseguirá realizar o sonho senão depois dos 36 anos. Aos 38 anos de idade o filho de Ramiro e Teresa entra no Seminário de Coimbra onde, “com bastante dificuldade, fará os estudos teológicos” – (In: Ramos, José da Rocha).
Naquele Seminário revela-se um talentoso jornalista e um perspicaz escritor. Mons. Nunes Pereira (falecido há cinco anos), ao evocar esses tempos, recordou numa conferência proferida na Universidade de Coimbra, aquando das comemorações do centenário do seu nascimento, que no Seminário havia um jornal manuscrito chamado «Folha de Oxford». “O senhor Américo começou a redigir uns artigos que nos deixaram admirados. A «Folha de Oxford» deu lugar ao «Lume Novo» – em forma de revista – passou a ser lido no refeitório por sugestão do Américo. Assinava os artigos como Frei Junípero, talvez como recordação do convento onde esteve antes de vir para Coimbra”. Nas colunas do «Correio de Coimbra» a sua pena formativa dá sabor às palavras e mais tarde, no «Gaiato», revela-se um talentoso escritor. Acusaram-no de iletrado mas ele respondeu graciosamente: “perde a gente as regras da concordância e escreve com liberdade de poeta. Dizem que o relator da «Sopa» dá pontapés na sintaxe. Que importa, se o faz com o coração! Quem sabe, talvez seja precisamente por não ter arte que esta «Sopa» tem artes de tocar os corações e quem na lê” – (In: Aguiar, Américo Monteiro; «Pão dos Pobres», Volume I).
Fica incomodado com a legião de esfomeados
Quando recebeu a ordenação, o bispo de Coimbra pensou, inicialmente, colocá-lo numa paróquia, mas ao observar o seu cansaço pelo esforço feito nos estudos teológicos resolveu optar por o nomear prefeito do Seminário e professor de português. A insatisfação interior mexia com o «jovem» padre e, a 19 de março de 1932, D. Manuel Luís Coelho entrega-lhe a «Sopa dos Pobres». Aí descobre a verdadeira vocação: Recoveiro dos pobres. Já antes, nos tempos de Vilariño de la Ramallosa e no Seminário de Coimbra, colocava a caridade num patamar superior. Quando foi ordenado subdiácono mostrou o seu despojamento e fez um voto de pobreza, publicado pela primeira vez no jornal «Correio de Coimbra», a 2 de agosto de 1956: “… declaro solenemente, humildemente, que nada desejo possuir, nem saber nem pregar, senão a verdadeira riqueza que o mundo ignora e que se chama altíssima Pobreza do meu Senhor Jesus Cristo…”.
Depois de assumir a «Sopa dos Pobres» vive pobre e austeramente e reparte com os mais desfavorecidos o pouco que possui. Ele próprio escreveu no III volume do «Pão dos Pobres»: “Senhor, que eu seja sempre um padre pobre para cantar aos ricos a Pátria Celeste e pedir esmola para os pobres”. Na terceira década do século passado o mundo ainda estremecia quando recordava a I Guerra Mundial e a fome ainda se fazia sentir neste país de rostos desfigurados e lares destroçados. Nesta altura, as grandes cidades (especialmente Lisboa, Porto e Coimbra) receberam legiões de esfomeados, vagabundos e doentes. A grande crise de 1929 colocou na miséria milhares de famílias e muitos deixaram os filhos ao abandono. Perante este lamentável caos, o Pe. Américo com a sua sensibilidade para os problemas sociais “curva-se perante as mãozitas inocentes das crianças sem família e sem abrigo” (In: Ramos, José da Rocha). No III volume do «Pão dos Pobres» relata o contacto inicial com os mais desfavorecidos: “comecei por uma toca no Largo da Trindade onde habitava uma mulher prostituída, com quatro filhos de outros tantos pais; a qual mulher falecia pouco depois à minha beira”.
Nascimento da Casa do Gaiato
Esta cena ficou-lhe sempre na memória e começa a sonhar com uma casa para crianças abandonadas e procura solução para estas mulheres que, sem pão para matar a fome aos filhos, se entregam ao primeiro homem que aparece na esquina. Com esforço pretende resolver a degradante situação dos desempregados e “chamar a atenção das autoridades para o inimigo número 1 das legiões de esfomeados: a tuberculose” (In: Ramos, José da Rocha). Este labor em prol dos mais necessitados leva-o a visitar os pobres nas casas deles e a cidade do Mondego “habitua-se a ver passar todos os dias aquele padre, envolto na sua capa negra, que ia procurar os pobres nos antros onde viviam…” (Cardoso, A. Brito; in: «Figuras da Igreja na diocese de Coimbra»). Os famintos e andrajosos não lhe saíam da cabeça tal como as crianças abandonadas e órfãos. Em maio de 1935, um miúdo da rua solicita-lhe que visitasse o seu pai que estava na cama e todos os seus familiares passavam fome. “Conduzido pelo mesmo, entra no casebre de um tipógrafo da Universidade de Coimbra, a contas com uma grave doença, ao qual se uniram mais três da família junto do catre de seu pai. Momento importante e motivo de séria reflexão” (Barbosa, M. Durães; In: «Padre Américo – Educação e sentido da responsabilidade»).
Este encontro foi um fósforo que se tornou rapidamente num grande incêndio. As labaredas imensas atearam o seu coração e aqui “nascerá propriamente a Obra da Rua” (In: Ramos, José da Rocha). Um dia que deixou marcas e o transformou – como ele próprio afirmará tantas vezes – “num revolucionário pacífico” (Aguiar, Américo Monteiro; in: «Obra da Rua»). Ele vê o que até então ninguém vira. Trilha caminhos jamais percorridos pelos contemporâneos. O encontro com o tipógrafo tuberculoso tornou-o num guerreiro que travou batalhas contra a miséria, a burocracia reinante, os velhos sistemas pedagógicos e o tradicional orfanato que, “em vez de preparar homens para a vida, mais não é, na maior parte dos casos, do que um antro de vício e de vagabundagem” (In: Ramos, José da Rocha). O grito de guerra lançado pelo Pe. Américo apelava ao amor. No jornal «O Gaiato» não se cansou de bradar aos quatro ventos: “não tenhas medo da chuva. Não vais endoidecer por me ouvires – como sucede nos campos de batalha à mocidade transida de horror – não vais. Vais antes chorar de compaixão, que a guerra que eu faço é de amor” (Aguiar, Américo Monteiro; in: «Pão dos Pobres», vol. IV).
E eis que, em 1940, o Padre da Rua estrutura a Casa do Gaiato. Chegou a hora dos abandonados e a 7 de janeiro desse ano abre, em Miranda do Corvo, a primeira Casa da Obra da Rua. Três anos depois (24 de abril de 1943) inicia as obras da Aldeia dos Rapazes, em Paço de Sousa (Penafiel). No último dia do mês seguinte chegam os primeiros rapazes. Na cidade do Porto encontrou também o espectáculo deprimente das legiões de vadiozitos que povoam as ruas do velho burgo. Ao visitar o Barredo – uma das zonas mais degradadas da cidade que acolhe o Douro – o Pe. Américo mostra toda a bondade que lhe vai na alma: “Ai Porto, Porto, quão tarde te conheci!” (In: «Obra da Rua»). Um trabalho que tem as suas raízes centradas na Eucaristia visto que é no sacrário que ele acende a candeia que o guiará pelos caminhos de Portugal e o iluminará “nos escuros e frios becos dos Barredos” – (in. Ramos, José da Rocha). Tal como ele afirmou no III Volume do «Pão dos Pobres» o sacerdote “não se ordena para si. E se o faz, entra pela janela”. O êxito das suas obras advém precisamente da sua consciência de Igreja.
O Calvário foi o «canto do cisne»
Depois de Miranda do Corvo (1940) e Paço de Sousa (1943) fundará ainda a Casa do Gaiato do Tojal (1948) e a 1 de julho de 1955 a Casa do Gaiato de Setúbal (um ano antes da sua morte). Mas o «edifício» ainda não estava completo: faltavam os Lares e o Calvário. O primeiro destina-se a uma melhor acomodação dos rapazes que trabalham ou estudam e o segundo servirá para abrigar doentes incuráveis. A 3 de fevereiro de 1945 nasceu, no Porto, o primeiro lar da Obra da Rua e posteriormente dá à luz o Lar de S. João da Madeira. Na cidade de Coimbra, em janeiro de 1941, funda também o Lar do ex-pupilo dos reformatórios que em 1950 passa para os Serviços Jurisdicionais de Menores do Ministério da Justiça.
O Calvário foi a derradeira Obra. “O canto do cisne. Dizem que o cisne, ao adivinhar a morte, entoa as mais belas melodias da sua vida. Não é, pois de admirar que o Calvário seja a mais bela melodia do Pe. Américo” (In: Ramos, José da Rocha). O Calvário é uma obra de fé no valor da pessoa humana. Em termos de economia – e são esses os termos dos quais hoje mais se ouve falar – um doente assim é uma areia na engrenagem. “O Padre Américo estava convencido do contrário e a existência deste hospital de incuráveis impõem-se como um sinal” (Trindade, Manuel Almeida; in: «Figuras notáveis da Igreja de Coimbra»).
Esta breve resenha biográfica ficaria incompleta se não se fizesse também referência ao Património dos Pobres, uma criação do Fundador da Obra da Rua. Com o lema “cada freguesia cuide dos seus pobres”, o Pe. Américo conseguiu emergir pequenas casas de granito que serviram muitas famílias desamparadas. “Lembrou-se o Padre Américo de entregar às paróquias o problema de Património dos Pobres. E as paróquias, em grande número, reagiram bem e de imediato. Dentro de pouco tempo eram milhares, espalhadas, aqui e além, por todo o país. Ao milagre dos pães sucedia o milagre, não menos evangélico, da multiplicação das casas para os desabrigados” (Neves, Moreira das; in: «O Padre Américo»). Esta acção pastoral soube ir ao encontro e anseios da sociedade daquele tempo. “Podemos mesmo afirmar que, também aqui, foi um grande precursor do II Concílio do Vaticano” (In: Ramos, José da Rocha). Soube libertar-se de uma espiritualidade centrada no devocionismo e escutar os «sinais dos tempos» que mais tarde o Papa João XXIII tanto falará.
A sua vocação pedagógica nasceu do amor
Para fundar e manter estas obras, o Pe. Américo percorreu Portugal e o Mundo, pregando a caridade «em obras e em verdade». A sua palavra penetrava nas almas sedentas de justiça. Denunciava publicamente, em igrejas e salas de espectáculos, as injustiças sociais, o desperdício do dinheiro, a desigualdade e indiferença de muitos, a escravidão da mulher, a falta de assistência aos doentes e a promiscuidade de muitas famílias. Tal atitude – corajosa, franca e dura – encontrou terras férteis, mas também se “deparou com a suspeita e a má vontade de certas entidades oficiais. A nível de Ministérios, os Padres da Rua foram muitas vezes considerados como «perigosos», «subversivos» e «comunistas»” – (Freire, José Geraldes; in: «Resistência Católica ao Salazarismo-Marcelismo»).
Neste conjunto, o Pe. Américo aparece como o privilegiado que incarna o sonho da comunidade. E torna-se polo de atracção que magnetiza os esforços, canaliza os entusiasmos, dá sentido às aspirações dessa comunidade. A Casa do Gaiato, obra de cariz social e simultaneamente com funções educativas, não é o resultado de uma metodologia científica elaborada, mas fruto do amor e da caridade. O fundador desta obra nunca estudou pedagogia ou Ciências da Educação. A sua vocação pedagógica nasceu do amor que nutria pelas crianças de rua; enriqueceu-se no meio delas, exercitando as suas qualidades de rara sensibilidade pedagógica e intuição psicológica. Apesar das suas origens empíricas e intuitivas, a experiência da Casa do Gaiato, que “estimula na liberdade o sentido de iniciativa e de responsabilidade, constitui uma das experiências mais logradas do activismo educativo católico” (Barbosa, Manuel Durães; «Valor Educativo da Casa do Gaiato», in: Revista «Lumen»). O sistema das diversas «casas-família», que foram a aldeia; o ambiente educativo de contacto com a natureza; o autogoverno familiar, bem como o espírito de trabalho, “enquadram-se perfeitamente no campo da educação nova” (In: Barbosa, Manuel Durães). Querendo resumir de alguma forma o seu método educativo, o Pe. Américo fê-lo deste modo: “simplicidade, família, amor, respiração contra respiração, contacto com a vida, tudo junto com a formação espiritual e nada mais. Os homens complicam os métodos e quanto mais complicados, mais desvirtuados” (Loureiro, João Evangelista; in: «Um grande educador português do século XX»).
Em 1956, aquando da ida aos Açores, começou a falar insistentemente na morte que o rondava. Nos últimos dias do mês de junho, ao despedir-se, em Coimbra, do Pe. Eugénio Martins, fê-lo com muita emoção e, já no carro, pediu-lhe que nunca deixasse de visitar a Casa do Gaiato. Poucos dias depois, 14- de julho, teve um acidente de carro. Depois de longas horas de sofrimento, faleceu a 16 de julho, no Hospital de Santo António. No elogio fúnebre, em Paço de Sousa, Eduardo de Albuquerque numa frase resumiu toda a vida do Pai Américo: “Orava em silêncio – mais praticando do que falando!…”. Uma vida de marinheiro que levou o barco a bom porto porque “quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável” (Séneca – escritor romano).
Passados dias da sua morte, o jornalista António Ramos de Almeida escrevia no «Jornal de Notícias» um artigo que punha em relevo o acontecimento: “A cidade do Porto está ainda em estado de choque emocional. Nem sei mesmo se em toda a sua história, o povo do Porto jamais chorou com tanta espontaneidade a morte de um homem…”. Um homem diferente que se definiu assim: “eu sou um revolucionário pacífico, um pobre que sangra, um pai que chora, um português que ama”