Dioceses promovem, por estes dias, espaços de actualização teológica e de encontro comum
Os padres da Província Eclesiástica de Évora – que inclui Beja e Algarve – e das dioceses de Lisboa e Portalegre-Castelo Branco participam durante esta semana em acções de formação permanente. A par da actualização de conhecimentos, estas iniciativas são marcadas pela suspensão da rotina, criando espaços mais alargados de reflexão, oração e encontro com o presbitério (conjunto de sacerdotes) diocesano.
“Todos precisamos de nos actualizar e de nos reunirmos para, em diálogo, nos confrontarmos com aquela que é a nossa missão essencial”, afirmou à ECCLESIA o bispo de Beja, D. António Vitalino, a propósito das jornadas de actualização do clero que decorrem entre os dias 25 e 28, em Montemor-o-Novo.
“Nós, que temos uma proposta de ordem espiritual para o homem de hoje, devemos conhecer os desafios a que ele está sujeito, para o poder ajudar a encontrar-se consigo mesmo, o que envolve um encontro muito profundo com Deus”, acrescentou.
“Não conhecer os destinatários da mensagem implica, desde logo, falhar na sua transmissão”, corroborou o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas. “A capacidade de adaptação à mudança é fundamental nos dias de hoje, e também no sector eclesial”, observou.
O arcebispo de Évora, D. José Alves, reforçou esta convicção: “O sacerdote não pode ignorar o ambiente, a mentalidade e as preocupações das pessoas”.
Para o vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social, “há uma dupla exigência da parte do clero: viver, conhecer e aprofundar a mensagem evangélica naquilo que ela tem de essencial e, por outro lado, estar a par das transformações que ocorrem a nível social, tecnológico e nos meios de comunicação social”. “Neste sentido, a vida de um padre é muito exigente na actualização”.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, está convencido de que “a formação faz parte de uma fidelidade cada vez maior ao sacerdócio de Jesus Cristo. E ela é também um direito do povo de Deus, que precisa de padres que lhe falem numa linguagem perceptível e com conteúdos que o ajudem a viver com maior qualidade de vida e maior aprofundamento da fé”. “Não adianta nada passarmos a vida a dar respostas para perguntas que já ninguém faz”, declarou.
A relação entre estas iniciativas e a vida das comunidades foi sintetizada pelas palavras de D. Joaquim Mendes, Bispo auxiliar de Lisboa, quando se referiu aos resultados das jornadas que decorrem entre Terça e Quinta-feira: “Esperamos que elas tragam uma revitalização da vida dos sacerdotes e, consequentemente, da vida das comunidades cristãs que eles guiam”.
O prelado considera que o tema escolhido para esta acção formativa – “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote” – corresponde “aos desafios que o Papa faz neste Ano Sacerdotal”, quando pediu aos padres que “renovem o dom que receberam e o coloquem, de forma entusiasmante, ao serviço do povo de Deus”.
No encontro, que se realiza no Seminário dos Olivais, estão presentes cerca de 150 pessoas. O programa do último dia inclui uma intervenção de D. Manuel Madureira Dias, Bispo emérito do Algarve. Os trabalhos serão encerrados com uma conferência proferida pelo Cardeal Patriarca, D. José Policarpo.
Ruptura no quotidiano
A aquisição de conhecimentos não é o objectivo principal destas iniciativas. “As acções de formação valem, em primeiro lugar, como expressão de comunhão do presbitério”, garantiu D. Joaquim Mendes.
“As rupturas no ritmo diário são importantes”, afirmou. “Estes momentos de pausa são necessários para a reflexão. São tempos, passe a expressão, para carregar as baterias, tomando consciência da conversão que há a fazer”.
“O quotidiano, vivido com consciência, é o lugar por excelência da formação permanente. Mas há também estes momentos de formação mais intensa e sistemática, que são fundamentais para a vida do presbítero e da Igreja”, indicou o vogal da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo.
O director do Instituto Superior de Teologia de Évora, Pe. José Palos, destacou a importância do “convívio e da oração em conjunto”. “Quando nós nos juntamos – explicou – não é só para ouvir conferências, mas também para partilhar muitas coisas. Tudo isso faz parte da formação.”
Saber responder às inquietações
«Pastores em nome do único Pastor – a família, os idosos e os jovens» foi o tema escolhido para as jornadas de formação do clero da diocese de Portalegre-Castelo Branco.
Perto de 60 padres – aproximadamente metade do presbitério – estão reunidos desde Segunda-feira em Mem Soares, Castelo de Vide.
Um dos assuntos que maior interesse despertou foi a relação entre a Igreja e as redes sociais na Internet. “Os sacerdotes não podem pensar que elas não existem”, declarou D. Antonino Dias. “Acabei por perceber que teria sido interessante se tivéssemos dedicado todas as jornadas a esta temática”.
A reflexão desta Quarta-feira, último dia do encontro, centrou-se na caracterização da juventude, em especial na geração dos 16 aos 29 anos. “É nesta faixa etária que temos que apostar, não para os rotular mas para sabermos dar resposta às inquietações e às perguntas que nos fazem”, afirmou o bispo de Portalegre-Castelo Branco.
“Temos padres que são homens de Deus, da Igreja, da palavra e do serviço”, reconheceu o prelado. “O nosso clero – acrescentou – procura ter o perfil que a sociedade de hoje exige, com vista à transmissão da fé em Jesus Cristo, numa linguagem que seja atraente e que ela entenda.”