Movimento Fraternitas afirma que alguns membros desejam «voltar ao exercício do ministério sacerdotal»
Lisboa, 27 abr 2013 (Ecclesia) – Os sacerdotes portugueses dispensados do ministério, ligados ao movimento Fraternitas, estão reunidos em Fátima para debaterem o seu papel dentro da Igreja Católica e querem levar esta questão ao Papa Francisco.
“Alguns membros desejam ardentemente que a Santa Sé lhes permita voltar ao exercício do ministério sacerdotal, no seu estado atual de casados”, realça Francisco Monteiro, numa nota disponibilizada através da internet, onde se manifesta a intenção de enviar uma carta ao novo Papa.
Segundo aquele elemento da Fraternitas, na base deste sentimento está a vontade de ajudar a responder à “falta” de vocações e sobretudo um “amor radical à Igreja, amor esse que não coube na estrutura” eclesial “nas circunstâncias concretas da geografia e do tempo da época”.
Fundada em 1996 pelo cónego Filipe de Figueiredo, da Diocese de Évora, a associação de direito eclesiástico reconhecida pela Conferência Episcopal Portuguesa congrega atualmente centenas de padres dispensados do exercício do ministério, casados ou não, e as respetivas esposas ou viúvas.
Tem como principal objetivo apoiar aqueles que se encontram em dificuldades, através de um ambiente de amizade, convívio, solidariedade e espiritualidade, e estudar formas de “colaboração social e pastoral, visando o aproveitamento das capacidades e potencialidades dos seus membros”.
O 34.º encontro nacional do movimento Fraternitas, que decorre até domingo na Casa de Nossa Senhora das Dores, em Fátima, tem como tema “Que Fraternitas Movimento queremos, para que Igreja?”.
Muitos membros estão empenhados em atividades de apostolado, ajudam os seus párocos na preparação e concretização de atividades pastorais e de evangelização, e contribuem para a reflexão teológica da Igreja, através da publicação de estudos nesta área.
No entanto, gostavam também “de voltar a celebrar” a eucaristia “em comunhão com todos os sacerdotes batismais que eles também são”, salienta Francisco Monteiro.
A associação Fraternitas espera que o Papa Francisco “dê oportunidade” aos sacerdotes dispensados de ajudarem a Igreja Católica “em todos os casos e circunstâncias da vida”.
Joaquim Soares afirma a “disponibilidade” do grupo “para o serviço aos mais pobres, a solidariedade com os mais periféricos, aos sem voz, aos marginalizados de todas as vias, aos que não têm assento nesta sociedade e que também não se sentem bem nesta igreja”.
“Precisamos de abrir caminhos de evangelização, sem vedetismos, mas profundamente identificados com todos os que sofrem e buscam insatisfeitos pela luz da verdade”, sublinha.
A Fraternitas manifesta a sua “solidariedade” para com o Papa argentino, “que busca caminhos de mais e melhor identidade com” Cristo, cujo “trono é a Cruz”, e apela a “uma igreja aberta, atenta às periferias”, feita de “simplicidade”.
JCP