Padres devem evitar «caprichos de pequenos grupos»

Arcebispo de Braga quer vocações vividas «com encanto e alegria» O Arcebispo de Braga espera que os padres continuem a entregar-se «com todas as energias» ao povo que lhes foi confiado, vivendo a vocação sacerdotal «com encanto e alegria». D. Jorge Ortiga espera também que os sacerdotes exerçam o ministério de forma organizada e colaborante, evitando «corridas para satisfazer vontades ou caprichos de pequenos grupos». O Arcebispo Primaz, que voltou a propor a criação de equipas sacerdotais e unidades pastorais, fez estes apelos ontem à tarde durante a Ordenação de cinco padres, na cripta da basílica do Sameiro, em Braga. A celebração foi considerada o ponto alto do Ano Vocacional proposto pelo prelado à Diocese em Julho de 2004. Na véspera de celebrar o sexto aniversário da tomada de posse da Arquidiocese, D. Jorge Ortiga não se mostrou preocupado com a propalada falta de vocações sacerdotais. Mas na homilia que preparou para esta celebração, e que pode ser lida no sítio na Internet da Diocese de Braga, reconhece que «torna-se impossível continuar com o ritmo dominical de sacerdotes a correr para satisfazer as vontades. Todos têm o direito de ser servidos. O modo terá de ser diferente, na certeza de que a fé vai exigir sacrifícios», avisa. «A vocação é um desafio corajoso», reconheceu D. Jorge Ortiga, mas ganha sentido quando «é vivida em favor dum povo». Para isso, alertou ontem o Arcebispo no final da homilia, urge que sacerdotes e leigos, no que dizem e fazem, sejam exigentes consigo, dando o máximo. «Peço um bocadinho mais de intimidade com Deus, de vivência litúrgica, de fidelidade aos deveres e compromissos, de comunhão eclesial, de paixão pela vida diocesana», afirma D. Jorge Ortiga na homilia publicada em www.diocese-braga.pt. O Arcebispo Primaz defende que está na hora de haver «uma mudança de critérios e de mentalidade». Tanto nos sacerdotes como no povo. «Convençamo-nos, todos, que não é possível continuar com esquemas alicerçados num bairrismo sem sentido e impossível de satisfazer. Urge ser padre-servo dum modo diferente. O tempo da cristandade passou e entramos num dinamismo de missionação para percorrer a época da pós-modernidade com um estilo novo. Trata-se de delinear contornos novos com ajudas por parte dos sacerdotes e dos leigos. Ninguém se pode apegar a ideias e conceitos. Criamos muitas paróquias e edificamos muitas igrejas paroquiais. Agora não as vamos suprimir. Vamos preparar leigos que assumam tarefas para que os sacerdotes possam trabalhar para espaços maiores, aglutinadores de várias comunidades naquilo a que hoje chamamos Unidades Pastorais. De quem depende a constituição destas unidades? Com este nome ou com outro não vejo outro futuro. É uma persuasão sincera. Apareçam sacerdotes, unidos através dum conhecimento mútuo e duma espiritualidade séria, que apresentem propostas credíveis. Se começarmos, os cépticos — sacerdotes ou leigos — começarão a acreditar e não só a desanimar, criticando as nossas intenções ou orientações». Equipas sacerdotais Jorge Agostinho Gomes Esteves tem 25 anos de idade e é natural de Mire de Tibães, Braga. Paulino Alfredo de Oliveira Carvalho nasceu em Refojos de Basto, Cabeceiras de Basto, e ainda não celebrou o 25.º aniversário — só em Outubro. Estes dois padres, ordenados ontem à tarde, vão integrar equipas sacerdotais de acordo com o movimento eclesiástico determinado pelo Arcebispo Primaz. Um desejo dos novos presbíteros, que assim vão continuar a experiência iniciada com o estágio pastoral. E uma pretensão de D. Jorge Ortiga, que defende «a criação de unidades pastorais, servidas por equipas sacerdotais», como refere nos “apelos” que precedem o movimento eclesiástico (ver Diário do Minho de ontem, pp. 23-24). Jorge Agostinho Esteves foi nomeado vigário paroquial de Cavez e Pedraça, duas freguesias do concelho de Cabeceiras de Basto — fez estágio naquela —, continuando a colaboração com o padre José Augusto Gomes Ribeiro, Arcipreste de Cabeceiras. Só que agora a equipa será constituída por três padres, com a mudança de Silvares (Guimarães) para Alvite e Santa Senhorinha de Basto do padre José Manuel Ferreira da Costa. Por seu lado, o padre Paulino Carvalho vai continuar a colaboração com o padre Vítor José Novais, pároco de Brufe e Cavalões — onde o neo-presbítero realizou o estágio pastoral. Além destas paróquias, estes dois padres vão ter também sob a sua responsabilidade a paróquia de Santo Adrião, situada no centro da cidade de Vila Nova de Famalicão. Contam com a ajuda do diácono Paulo César Dias, natural de São Victor (Braga). Samuel Miranda Vilas Boas é outro dos padres ontem à tarde ordenados na cripta da basílica do Sameiro. É natural da paróquia de Apúlia, Esposende, completa 27 anos de idade no próximo domingo — dia escolhido para a Missa Nova —, fez estágio na Matriz da Póvoa de Varzim e agora vai trabalhar em Silvares, Guimarães. Foi nomeado pároco desta freguesia e colaborador dos padres responsáveis pela paróquia de São Sebastião e igreja dos Santos Passos, na cidade de Guimarães. Também com 27 anos de idade incompletos, o padre Paulo Neiva foi nomeado pároco de Santa Maria do Bouro (Amares), Parada do Bouro e Soengas (Vieira do Minho). O neo-sacerdote é natural de Borba da Montanha, Celorico de Basto, e fez estágio na paróquia de Riba d’Ave, no arciprestado de Vila Nova de Famalicão. O padre Pedro António Sampaio Lino é o mais velho dos cinco novos sacerdotes da Arquidiocese de Braga. É natural de Azurém, Guimarães, mas cedo passou a viver na paróquia da Matriz da Póvoa de Varzim. Tem 40 anos de idade, licenciou- se em História antes de ingressar no Seminário e pertence ao Movimento Cristo Sentido Único. O Arcebispo Primaz confiou-lhe a paróquia de São João Baptista de Vila do Conde, colmatando assim a saída dos Padres Salesianos. Tendo em conta que estas nomeações, sobretudo as que indicam a constituição de equipas sacerdotais, pressupõem mudanças na organização das paróquias, o Arcebispo Primaz pede compreensão e propõe uma avaliação dos resultados. «Um olhar de esperança para o futuro da Igreja leva- -nos a entender os dinamismos espirituais e pastorais que começam a aflorar em muitas Igrejas Diocesanas, com provas consistentes já dadas. Entendo dever caminhar nesse sentido, com determinação confiante, fomentando, a partir dos nossos Seminários, formas de vida e de trabalho em comum, conduzindo à criação de Unidades Pastorais, servidas por Equipas Sacerdotais », defende D. Jorge Ortiga. «Neste movimento eclesiástico — explicou o Arcebispo Primaz — proponho já algumas iniciativas nesse espírito a que não chamarei Unidades Pastorais. São, porém, experiências úteis e necessárias para que posteriormente avaliemos os resultados e possamos delinear algumas linhas de orientação».

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