D. António Marto revisitou arquidiocese O Bispo de Leiria-Fátima revisitou Braga para orientar, na manhã de ontem, o encontro de formação permanente do clero da arquidiocese, tendo desafiado cada um dos ordenados presentes a viverem a comunhão no exercício do ministério presbiteral. No Auditório “Vita” do Centro Cultural e Pastoral estiveram mais de 150 padres. D. Jorge Ortiga, D. Antonino Dias e D. António Couto, e também D. Eurico Nogueira e D. Carlos Pinheiro, marcaram presença nesta recepção àquele que foi bispo auxiliar de Braga. D. António Marto começou por manifestar a «íntima, grande e sincera alegria» que sentia por regressar a Braga quatro anos depois da sua saída. Nesse sentido, afirmou que esta vinda a Braga serve para «saldar uma dívida de gratidão» a um clero que sempre se mostrou «próximo e afectuoso». O prelado natural de Chaves que é Bispo de Leiria-Fátima, falou da comunhão presbiteral. Apresentando as diversas mutações que a humanidade assiste todos os dias, o Bispo revelou que existe um «défice de espiritualidade» e denunciou uma certa «tendência para o activismo» que muitas vezes paira sobre os sacerdotes. Entrando numa eclesiologia de comunhão, D. António Marto disse que a Igreja não pode nem deve ser uma «organização não-governamental », nem uma «organização internacional de desenvolvimento » nem uma «fundação cultural ou social». E asseverou: «a Igreja é outra coisa, é mistério de comunhão divina e humana». Essa comunhão, segundo o prelado, deve possibilitar que «o padre seja sempre um compadre » isto é «um padre com os outros padres». Ao aflorar os diversos níveis ou modos da comunhão no presbitério, o bispo flaviense mostrou como o pároco deve ser um «pivot da comunhão» no seio da comunidade paroquial. E declarou que «as maiores lições de fé recebidas vêem sempre de pessoas simples». Com alguma ironia e ressaltando a importância dos leigos, D. António Marto defendeu que «se a Igreja se manteve durante dois mil anos não foi apenas por causa dos padres e dos bispos». Para o Bispo de Leiria-Fátima é urgente apostar numa «pastoral da presença» que manifeste proximidade. Salientando a importância da relação humana – que considera «o oitavo sacramento» – D. António Marto pediu «menos tempo nas homilias» e «mais tempo e disponibilidade na relação de proximidade » com os cristãos. O encontro de formação permanente destinada a todo o clero da arquidiocese começou e terminou com momentos de oração. O almoço no Seminário de Nossa Senhora da Conceição (Seminário Menor), encerrou este encontro dos padres que se voltam a reunir no dia 30 de Abril, para escutar Arturo Merayo, da Universidade Pontifícia de Salamanca, a falar sobre a homilia – arte e comunicação. «Falar dos sacerdotes idosos comove-me» A certo momento da prelecção, falando sobre a comunhão presbiteral especialmente no que respeita à relação entre os sacerdotes mais novos com os sacerdotes mais idosos, D. António Marto comoveu-se. Nesse sentido, apelou com convicção aos sacerdotes mais novos para que saibam reconhecer o valor dos sacerdotes mais velhos porque «deram tudo à Igreja» e «deram o melhor que tinham», apesar dos defeitos e limitações inerentes a qualquer ser humano. Visivelmente emocionado, pediu «um sorriso, um acolhimento, uma valorização» em relação aos sacerdotes mais idosos. O pastor da diocese de Leiria-Fátima, à qual escreveu a carta pastoral “Testemunhas da ternura de Deus”, deixou uma série de indicações sobre o modo concreto de viver a comunhão no seio do presbitério. Pediu, inclusivamente, uma certa «disciplina e ascese» que possibilitem uma missão pastoral mais eficaz. A terminar deixou alguns imperativos: «trabalhai menos e trabalhai melhor» e ainda «trabalhai mais unidos e rezai mais e, também, mais unidos».