Padre/Motard: Sacerdote diz que a sua presença é valorizada

José Fernando passa em revista o seu trabalho num meio diferente e fala da sua luta contra a doença

Lisboa, 15 abr 2011 (Ecclesia) – O mundo dos motards tirou “do anonimato” o padre José Fernando, natural do Fundão (diocese de Guarda), e colocou-o nos escaparates das livrarias com a obra «Padre Motard – Boas curvas… Se Deus Quiser».

Nos últimos preparativos para as celebrações do Dia Nacional do Motociclista (17 de abril, Coimbra), este sacerdote apaixonado pelas motas doou parte do seu tempo para falar com a Agência ECCLESIA e relatar episódios da sua vida privada e sacerdotal.

“Tive o privilégio dos motards valorizarem a presença de um padre no meio deles”, referiu.

Num grupo com juízes, advogados, médicos e outras profissões, a presença de um padre que gosta de motas – “quando o grupo etário se situa entre os 20 e os 40 anos” -, eles acharam que tinham “alguém acessível para colocar questões”, disse.

Natural da Beira Interior, com a Serra da Gardunha e da Estrela bem perto, o padre José Fernando tem este hobby para se “distrair” das “lides pastorais”.

Uma reportagem sobre ação deste padre no meio dos motards foi o embrião do livro, mas durante “três anos recusei”, salienta.

Entrando no meio mais pessoal, o padre motard confessa que “há seis anos que luta contra um cancro” e, apesar das dificuldades e das quimioterapias, os motards acompanharam “sempre de perto a minha doença”.

O último diagnóstico da doença “não é o mais favorável”, mas esse padre – nascido a 11 de janeiro de 1958 – tem uma força enorme de viver e quer aproveitar “este tempo para lhes mostrar um sorriso”.

Apesar das contrariedades da vida, o motard consagrado não desanima e incentiva os motociclistas que às quartas-feiras se reúnem, em tertúlia, para colocar a conversa em dia.

“Quando estou por Lisboa, às vezes entre um tratamento de quimioterapia e outro, vou ter com eles e falamos de vários assuntos”, disse.

Na última vez, dia 6 de abril, que esteve com os «Amigos do Roxo» (nome do grupo) teve de pagar uma garrafa de Whisky porque “faz parte da praxe pagar tal bebida quando se celebra o aniversário”.

Quando algum elemento do grupo adquire uma mota nova, a praxe repete-se, mas tal não aconteceu com José Fernando.

Se as curvas são perigosas para os motards, as retas não o deixam de ser, visto que “já me provocaram alguns sustos”, avança.

Apesar de procurar cumprir o código da estrada, o padre José Fernando confessa que uma vez deu “230 km hora” na sua mota para “experimentar” e notou que a essa velocidade “é a máquina que manda e não nós”.

Com a máxima «Até 100, Deus protege; a partir de 100… pode acolher-nos», os motards colocam no lado direito – “a mão que acelera” – um bordado de S. Rafael.

Apesar de reconhecer que “muitas vezes a imagem do motociclista é denegrida”, José Fernando considera que motards portugueses são pessoas “solidárias e civilizadas”: “Os hospitais quando têm necessidade de sangue recorrem aos motoclubes”.

O livro «Padre Motard – Boas curvas…Se Deus quiser» foi editado pela Estrela Polar (Oficina do Livro) e vai ser apresentado este sábado, em Coimbra.

Mais de 25 mil motards de todo o país são esperados nesta cidade, entre os dias 16 e 17, para participar na bênção das motas e dos capacetes e à missa presidida pelo padre José Fernando.

LFS

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