Obra das irmãs Inês e Daniela Leitão apresenta trabalho desenvolvido há 40 anos pelo padre João Gonçalves
Lisboa, 19 fev 2015 (Ecclesia) – A argumentista Inês Leitão e a a realizadora Daniela Leitão, irmãs, vão apresentar esta sexta-feira, através das redes sociais, o documentário ‘O Padre das Prisões’, com o qual querem mostrar a Igreja de “novas formas”.
A obra retrata o trabalho de 40 anos de assistência espiritual e religiosa nas cadeias do sacerdote católico João Gonçalves, da Diocese de Aveiro, atualmente coordenador nacional da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica.
O documentário vai estar disponível no Facebook, a partir da meia-noite e durante 24 horas, para assinalar o Dia Internacional da Justiça Social; no sábado vai decorrer a apresentação pública do filme, no edifício da antiga Capitania de Aveiro, às 16h00, e em sessões semelhantes que serão promovidas em Lisboa, Porto e Braga.
“O padre João Gonçalves e a Pastoral Penitenciária devem ser uma referência daquilo que é o trabalho da Igreja portuguesa com os que estão verdadeiramente na margem, e poder ajudar a sua ação pública, é um desafio profundo e uma pequena felicidade”, referiu hoje Inês Leitão à Agência ECCLESIA.
O trabalho, com imagem de Ricardo Vieira, chega ao público um ano e um dia depois de as irmãs Leitão se terem encontrado com o Papa no Vaticano, para entregar-lhe um documentário sobre o trabalho dos missionários da Consolata e a realidade social do bairro do Zambujal.
Inês confessa que “não imaginaria” estar de volta a este tipo de documentário sobre Igreja, desta feita com uma equipa alargada.
“Há um ano julgava que aquele momento era pontual, hoje penso que podemos continuar a mostrar a Igreja de novas formas, com novos públicos e isso deixa-me muito feliz”, assinala.
A argumentista admite que o “extremo cansaço”, mas confessa-se feliz por poder ajudar a celebrar o dia da justiça social num “exercício de reflexão comum”.
“Acho que tenho muita sorte em estar rodeada de profissionais maravilhosos, de aprender todos os dias mais e mais, e ter a possibilidade de tornar pública a vida de padres (pessoas) de exceção”, prossegue Inês Leitão.
O padre João Gonçalves, segundo a argumentista, tem sido “um microfone”, a “voz dos mudos, das pessoas reclusas”.
Para Inês Leitão, a linha entre a pena e o castigo “é ténue” e “ninguém está livre” de um dia ir para uma cadeia: “Ninguém faz a ideia do que é uma reclusão, o que é viver numa cadeia portuguesa”.
A lei 252/2009 permite que os sacerdotes prestem assistência religiosa a pedido dos presos que “acolhem com facilidade” uma presença da Igreja que “não se impõe”, conta Inês Leitão que observou uma aproximação que se faz “devagar”.
O padre João Gonçalves visita a cadeia de Aveiro à segunda-feira para a celebração da Palavra e recebe individualmente os reclusos.
Para a argumentista, o momento mais marcante e que lhe deu o “discernimento” que o documentário tinha de ser apresentado foi um recluso com cerca de 70 anos, quase analfabeto, que “juntava as sílabas com muita dificuldade” para ler a Palavra de Deus.
Para além dos protagonistas, o padre João Gonçalves e os reclusos, o documentário conta com participações especiais de Francisco Moita Flores, escritor, investigador e antigo inspetor da Polícia Judiciária; e do juiz e político Álvaro Laborinho Lúcio.
CB/OC