Nota evoca «gigante da caridade e grande educador português» do século XX
Lisboa, 12 dez 2019 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou a “profunda alegria” da Igreja Católica pelo avanço na causa de canonização do padre Américo, fundador da Obra da Rua, após o reconhecimento das suas “virtudes heroicas”, por parte do Papa.
“Trata-se de um passo importante rumo à beatificação deste gigante da caridade, grande educador português, místico do nosso tempo, precursor do II Concílio do Vaticano, artista da palavra e servidor dos pobres”, refere a nota enviada à Agência ECCLESIA pelo padre Manuel Barbosa, secretário da CEP.
O Vaticano anunciou esta manhã que o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heroicas” do Padre Américo, fundador da Obra da Rua/Casa do Gaiato, em Portugal e África (Angola e Moçambique), com sede em Paço de Sousa, Diocese do Porto.
“Chamado e conhecido carinhosamente por Pai Américo, este padre diocesano, amigo de Deus e dos pobres, há muito ‘santo no coração do povo português’, é uma referência que ajudará a despertar a sociedade e a Igreja para a maior atenção aos pobres, bem como o serviço e a entrega total aos últimos, no nosso tempo marcado pela urgência da Caridade e da Misericórdia”, refere a nota da CEP.
Américo Monteiro de Aguiar, conhecido como padre Américo, institui a Obra da Rua em janeiro de 1940, com a fundação da primeira Casa do Gaiato; o sacerdote nasceu em Galegos, Penafiel, a 23 de outubro de 1887, e faleceu no Hospital de Santo António, Porto, a 16 de julho de 1956, tendo sido sepultado na Capela da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, Penafiel.
A CEP recorda uma nota pastoral escrita aquando do nascimento do novo venerável, em 1986, na qual os bispos escreveram: “Queremos assumir o centenário do padre Américo, não tanto como uma honra para a Igreja em Portugal, mas sobretudo como um compromisso e uma responsabilidade para nós e para as nossas dioceses”.
O reconhecimento das “virtudes heroicas” é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do agora venerável.
O fundador da Obra da Rua, uma das figuras mais conhecidas da Igreja Católica em Portugal no século XX, dedicou a sua vida aos mais pobres, especialmente os jovens em risco, acolhidos nas Casas do Gaiato, e aos doentes incuráveis.
Noutra nota pastoral em 2006, por ocasião do centenário da morte do padre Américo, os bispos portugueses acentuaram a importância da sua experiência pedagógica: “A todos os portugueses, decerto preocupados com os atuais problemas da educação e com o número porventura crescente de crianças em situação familiar de risco e desamparo, lembramos que a experiência pedagógica do Padre Américo continua um manancial a integrar em formas adaptadas às instituições sociais mais recentes”.
OC