Sobrinhos da venerável Sílvia Cardoso desfiam memórias
Paços de Ferreira, Porto, 02 abr 2016 (Ecclesia) – A cidade de Paços de Ferreira vai estar este domingo em festa, com a transladação dos restos mortais de Sílvia Cardoso, uma portuguesa com processo de beatificação em curso no Vaticano que a família recorda como “santa”.
António Lencastre, sobrinho de Sílvia Cardoso, já vai a caminho dos 103 anos, e lembra-se bem da tia a quem “já considerava santa”.
“Antes de todas estas manifestações considerava-a uma santa porque lembro- me dela calcorreando a vida, coitada, com a preocupação das almas; era o anjo das três loucuras como lhe chamou Moreira das Neves, eu diria que ela era o anjo das quatro. A quarta loucura dela era a almas, porque tinha devoção para levar as almas para Deus, procurava os retiros espirituais para isso e era uma santa já em vida, nossa vida, e vida dela”, explicou, em declarações à Agência ECCLESIA.
António Lencastre, o sobrinho mais velho, recorda a sua tia Sílvia Cardoso com grande carinho e afeição e há mesmo um episódio que não esquece: os seus pais não eram a favor do seu casamento e foi a tia quem lá apareceu para o acompanhar.
“Ela tinha esses grandes rasgos de tia”, refere.
Recorda também uma passagem de Sílvia Cardoso por Lisboa, “no sítio da Amadora, a exercer coisas de Deus”.
António Lencastre explicou que “a tia sentiu muito quando foi mandada embora de lá e dizia que tinha sido uma facada”.
Maria Teresa Lencastre Torres é outra das sobrinhas de Sílvia Cardoso e ainda se recorda dos 20 escudos que a tia Sílvia lhe dava sempre pelos anos.
“Ela era muito nossa amiga, sempre que fazíamos anos ela mandava-nos 20 escudos e foi assim com todos nós, tinha estima por todos nós e a tal ponto que, quando me disseram que estava mal, ela queria eu casasse mais cedo para que ela pudesse estar no casamento. Casei logo a 18 de fevereiro, ela esteve e depois ainda durou muito tempo”, conta.
A sobrinha lembra a tia Sílvia como uma pessoa que “fazia muitas obras, passou todo o Portugal a fazer bem e a preparar as pessoas para comungar, para se casar e até para receber a extrema-unção, iam pessoas com ela para preparar e ajudar”.
Ela sempre viveu com esta ideia de fazer mais, “sempre ávida de fazer bem e cada vez mais, nada a satisfazia”.
Maria Teresa, mãe de 13 filhos, confessa-se feliz com a trasladação da tia e afirma que é para todos uma alegria muito grande”, comparando-a mesmo à alegria de ser mãe.
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva nasceu na cidade de Paços de Ferreira, no dia 26 de julho de 1882; no ano seguinte foi levada com os pais para o Brasil, onde viveu até 1889, ano em que a família regressou à pátria.
A fama de santidade foi ilustrada pelo Inquérito diocesano que decorreu na Cúria do Porto de 6 de Junho de 1984 a 23 de Junho de 1992, cuja validade jurídica foi aprovada por esta Congregação para as Causas dos Santos por decreto de 22 de outubro de 1993.
A 27 de março de 2013 o Papa autorizou a publicação do decreto de sobre as virtudes da Congregação para a Causa dos Santos, reconhecendo Sílvia Cardoso como “venerável”, última etapa antes da beatificação.
Os restos mortais da portuguesa vão ser transladados este domingo para a igreja paroquial de Paços de Ferreira, numa celebração transmitida pela Ecclesia, após uma Eucaristia presidida por D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto.
A vida de Sílvia Cardoso está no centro da mais recente edição digital do Semanário ECCLESIA.
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