Paciência e humildade…

Henrique Matos, Agência ECCLESIA

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Para o Papa, é nesta condição que hoje, “o santo povo fiel de Deus, segue em frente” … Um itinerário, segundo Francisco, “suportando o desprezo, maus-tratos, marginalizações por parte do clericalismo institucionalizado”. É o que consta numa reflexão do Papa divulgada esta semana aos jornalistas após a 18ª reunião geral desta primeira sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

Para superar este lamento, pede-se à Igreja capacidade de escuta e o dinamismo de comunhão missionária a que se refere a palavra sínodo. O método é sugerido pela carta às comunidades católicas, agora divulgada e onde se lê que a Igreja “precisa absolutamente de escutar todos”, a começar pelos mais pobres.

“Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente, nalgumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas”, indica o documento.

Quase no encerramento desta primeira sessão, a dinâmica sinodal regressa agora às comunidades cristãs para que estas estimulem atitudes e experiências inovadoras, o “estilo novo de ser Igreja” que o Papa quer.

Já na primeira fase da escuta, foram muitos os que perceberam ser este o caminho. Uma aposta na autenticidade, num cristianismo que quer habitar o mundo e se recusa a ficar fechado no templo. Foram ainda mais os que se surpreenderam por alguém lhes pedir opinião sobre realidades sempre entregues à “clarividência” de um pequeno grupo. Experimentou-se entusiasmo e vontade de iniciar um caminho novo. Agora os participantes no Sínodo pedem se se alargue este caminho e que ainda mais, para ele sejam convidados… lado a lado, em sinodalidade.

O que parece fantástico e uma bela forma de ser Igreja é também exigência ao compromisso e à presença. A ser e a estar, ao empenho na edificação de algo novo com criatividade e coragem.

O clericalismo que o Papa critica é mais vasto, envolve também os leigos adeptos de uma Igreja fácil que se frequenta ao fim de semana. Um “supermercado da salvação”, em que os sacerdotes funcionam como “empregados de uma multinacional” como lembra o Papa.

Na verdade, a sinodalidade dá trabalho e compromete, mas é também a via para um cristianismo com sabor, relevante e autêntico. Tenho a certeza que será possível… com paciência e humildade.

Henrique Matos

 

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