Joaquim Mexia Alves, diocese de Leiria-Fátima
«Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente.» Mc 7, 35
O homem que era surdo e mudo começou a ouvir e a falar.
E muitos de nós, eu incluído, precisávamos de não ouvir e não falar, quando ouvimos dizer mal do outro ou nos entretemos a dizer mal e a criticar os outros.
Quero ver, quero sobretudo sentir, as últimas palavras deste versículo do Evangelho de hoje, «começou a falar correctamente», como uma advertência, como uma chamada de atenção, para mim e para todos os que, como eu, por vezes criticamos sem sentido, falamos mal disto ou daquilo só porque não nos agrada, transmitimos o que outros nos dizem sabendo no nosso coração que estamos a levantar boatos, para já não lhe chamar falsos testemunhos.
E quando escrevo sobre o falar, aplico-o também ao ouvir, porque infelizmente muitas vezes não fechamos os nossos ouvidos às críticas infundadas, à maledicência, às mentiras propaladas.
E o ouvir e o falar são capacidades que Deus nos deu/dá para podermos ser mais comunhão uns com os outros, e, afinal, tantas vezes as usamos para desunir, para criar aversões, enfim, para dividir.
E quem divide é o inimigo, bem o sabemos.
Releio o que escrevi e sinto a dureza das palavras, mas a verdade é que a critica infundada, sem ser para construir, para unir, e, sobretudo a maledicência, são venenos terríveis que nos envenenam por dentro e nem sequer dão ao que foi “atingido” pela maledicência, a possibilidade de se defender, porque dela só poderá ter conhecimento tardio.
Que o mesmo Senhor Jesus que um dia abriu os meus ouvidos e soltou a minha língua para que eu pudesse ouvir e falar, me dê o discernimento, a sensatez, a coragem para recusar ouvir o que não presta e falar o que não devo.
Joaquim Mexia Alves