Num evento da Fundação Fé e Cooperação inspirado na encíclica «Laudato Si» do Papa Francisco
Ourém, 17 mai 2017 (Ecclesia) – A Associação Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade, em Ourém, recebeu um acampamento internacional dedicado à preservação do meio ambiente e da natureza, e baseado na encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Margarida Alvim, presidente da direção da Associação Casa Velha, e que integra a Fundação Fé e Cooperação, outra das parceiras desta atividade, destaca um encontro de dois dias que quis lançar pistas para uma desejada “conversão ecológica” da sociedade.
“Partilhar um estilo de vida mais simples, cuidarmos uns dos outros, da nossa relação com a Criação, com a Terra, cuidarmos de nós mesmos”, concretizou aquela responsável, frisando também a oportunidade de realizar este evento por ocasião da vinda Papa Francisco a Portugal, “dois anos depois” da publicação da referida encíclica.
Em Ourém estiveram cerca de 60 pessoas de diferentes nacionalidades, entre elas representantes de organismos como o Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), e a CIDSE – uma rede de organizações católicas de apoio ao desenvolvimento, composta por 17 países da Europa e da América do Norte.
Para Chiara Martinelli, da CIDSE, “a mudança não pode depender apenas das decisões dos responsáveis políticos”, tem de acontecer também “porque as pessoas querem mudar”.
Todas as pessoas, no seu dia-a-dia, nas suas ações, é que têm de procurar ser “motores de um mundo melhor”, mais “justo e honesto” em que cada ser humano tenha “acesso aos recursos, e a possibilidade de viver a sua vida com dignidade”.
E nesse sentido, a encíclica ‘Laudato Si’ tem-se revelado como uma “ferramenta” essencial para as organizações de apoio ao desenvolvimento “fazerem o seu trabalho o melhor que podem”, sustentou Chiara Martinelli.
Todo o programa do encontro, desde as conferências aos desafios propostos, em equipa, em casa e nas propriedades agrícolas à volta da Casa Velha, quis realçar a ligação que o Papa Francisco faz na sua encíclica, entre ecologia e justiça social.
Um compromisso que, segundo Sara Bastos, voluntária da Associação Casa Velha, não pode ser encarado em “part-time”.
“Não dá para estar mais ou menos envolvido, não é uma coisa que eu posso fazer aos fins-de-semana e estar muito consciente aos fins-de-semana. Tem de ser mais transversal”.
Sandra Iheanacho, da Organização Católica para o Desenvolvimento, do Reino Unido (CAFOD), relevou a importância de poder experimentar um ambiente diferente e de debater ecologia e meio ambiente em conjunto, o que é muito difícil numa sociedade atual que parece indiferente a estas questões.
“Eu venho de Londres, onde a noção de comunidade não está realmente presente, toda a gente está sempre muito ocupada, de auscultadores nos ouvidos ou a andar, as pessoas nem se cumprimentam de manhã. Poder vir aqui e ter de fazer isso é muito bom e faz-nos sentir inseridos e que estamos a fazer a diferença”, explicou.
Os membros das várias organizações, entre as quais estava ainda a SECAM – Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar, tiveram ocasião de partilhar boas práticas relacionadas com a preservação da natureza, da justiça social e da dignidade humana.
Neste acampamento internacional, em Ourém, estiveram ainda oradores como os padres José da Silva Vieira, dos Missionários Combonianos em Portugal; e o padre Franscisco Campos, da Companhia de Jesus.
No final deste evento, os participantes integraram um conjunto de 220 peregrinos que caminharam a pé a Fátima, ao encontro do Papa Francisco, na sua recente visita a Fátima.
JCP