Ou eu sou nós ou nada sou

José Luís Nunes Martins

A fé coloca-nos a salvo, aconteça o que acontecer. Ainda que o corpo seja flagelado, a fé protege a alma e permite que ela permaneça intacta.

A fé transforma a dor em alegria, a angústia em promessa de luz, a aflição em gratidão e a tristeza em confiança.

A fé faz com que sejamos capazes de fazer tudo, sem nada esperar, até porque esperaríamos em vão. Não há maior recompensa para um gesto bom do que fazê-lo. O maior dom da existência é o da vida, já o recebemos e jamais o conseguiremos retribuir senão por um amor que supere os limites da razão!

De que vale uma vida vivida na solidão? Nada. Ninguém pode ser sozinho.

Ou eu sou nós ou nada sou.

Na solidão, sou alguém a quem falta tudo. Com fé, nada me falta, porque sinto Deus em cada sopro da minha respiração, em cada batida do meu coração, em cada um dos mais pequenos pedaços de mim. Deus está comigo, porque, se Ele não estivesse comigo, eu valeria menos do que uma pedra perdida à beira de um caminho sem importância.

Cada um de nós é um milagre. Acredite nisso ou não.

Deus está comigo, a meu lado e dentro de mim.

Com fé, nenhuma miséria me aterroriza, nem nenhuma alegria me consola em absoluto. Mas a fé dói, porque não é uma firme certeza, antes, uma esperança que exige combates uns atrás dos outros, sem que haja um dia de paz. A fé é um fogo que precisa de ser alimentado todos os dias, para que as sombras nunca se façam trevas.

A fé faz com que possamos ver o que está por detrás e na raiz de tudo aquilo que os outros veem.

Sem fé, estamos mortos. Só vive quem sabe acreditar no que outros julgam impossível.

É a fé que nos conduz ao que esperamos e ao que nem sonhamos.

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

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