Osservatore Romano diz que os Papas sempre apoiaram D. Oscar Romero

O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, apresenta duas peças sobre o Arcebispo salvadorenho Oscar Arnulfo Romero na sua edição desta Sexta-feira, frisando que “os Papas estiveram sempre ao seu lado”. D. Oscar Romero foi assassinado há 28 anos, no dia 24 de Março, pelos “esquadrões da morte” de El Salvador. Numa peça assinada pelo vice-director do Osservatore Romano, Carlo Di Cicco, defende-se que “a linha de solidariedade a Romero”, manifestada tanto por Paulo VI como por João Paulo II é um facto “documentado” e “que não se pode contestar”. Di Cicco recorda a celebração de 7 de Maio de 2000, no Coliseu de Roma, durante a qual João Paulo II rezou “pelo inesquecível Arcebispo Oscar Romero, assassinado no altar”. L’Osservatore Romano dá também espaço a uma peça do Bispo italiano Vincenzo Paglia, postulador da causa de beatificação, que fala de ”Oscar Romero, um bispo fiel ao seu povo”. Para D. Paglia, o Arcebispo Romero “foi vítima da polarização política, que não deixava espaço à sua caridade e ao seu trabalho pastoral”. “Ele tinha aversão seja à violência do governo militar, seja à violência da oposição guerrilheira. Viveu como pastor o drama do seu rebanho. Por ter pedido a aplicação da Doutrina Social da Igreja, D. Romero foi acusado de comunista”, lembra D. Vincenzo Paglia. Além de D. Romero, o jornal do Vaticano lembra ainda Marianela Garcia Villas, assassinada em El Salvador a 13 de Março de 1983. Hoje será celebrada em Roma uma cerimónia ecuménica em memória dos dois. D. Oscar Arnulfo Romero nasceu em Ciudad Barrios, no dia 15 de Agosto de 1917. A 4 de Abril de 1942 foi ordenado sacerdote em Roma, sendo posteriormente pároco em diversas localidades de San Miguel. No dia 3 de Fevereiro de 1977 foi nomeado bispo da Arquidiocese de San Salvador. Perante a violência que varria o seu país, começou a usar as homilias de Domingo para denunciar os massacres e defender os agricultores pobres e indefesos. Pelo seu apostolado em favor da Paz e dos direitos humanos foi nomeado para o Prémio Nobel da Paz em 1979. No dia 24 de Março de 1980, enquanto celebrava Missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador, D. Oscar Romero foi assassinado com um tiro no coração. Um dia antes de ser assassinado, dirigia-se aos soldados na homilia dominical: “Em nome de Deus, em nome do povo sofredor, peço-vos, imploro-vos, ordeno-vos em nome de Deus: parai a repressão”. O Vaticano continua a estudar a documentação relativa ao “martírio” de D. Oscar Romero. Segundo o Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, não há nenhuma vontade de “obstaculizar” o desenvolvimento do processo, mas apenas prudência porque “para o martírio o fiel católico deve ser morto por ódio à fé”.

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