Óscar Romero: A opção pelos pobres e injustiçados «toca cerne da identidade cristã»

José Eduardo Borges de Pinho recorda «forças ideológicas» que bloquearam o processo de canonização de uma figura exemplar para a Igreja Católica

Lisboa, 15 out 2018 (Ecclesia) – O teólogo José Eduardo Borges de Pinho considera que a canonização de D. Óscar Romero mostra que a opção pelos pobres e injustiçados “não é uma questão secundária” para a Igreja Católica, mas “toca cerne da identidade cristã”.

“A opção da Igreja pelos pobres e injustiçados não é uma questão secundária ou relativa, mas toca no cerne da identidade cristã, do seguimento de Jesus, do verdadeiro sentido da missão da Igreja no mundo”, defende José Eduardo Borges de Pinho.

Num artigo de opinião publicado no portal da Agência ECCLESIA, o teólogo sublinha que que a vida e a morte do arcebispo de El Salvador traz consigo a pergunta sobre a “coerência” da prática cristã “inserida em contextos sociopolíticos concretos”.

José Eduardo Borges de Pinho lembra o dia em que foi conhecido o assassinato de D. Óscar Romero, “um acontecimento que era receado, mas que se esperava nunca viesse a suceder”.

“Para quem acompanhava a vida da Igreja, eram bem conhecidas a coerência e a coragem do arcebispo salvadorenho no anúncio do Evangelho e na consequente defesa da justiça para com os mais pobres e da dignidade da pessoa humana”, recorda o teólogo, na altura responsável pela espaço informativo eclesial da Rádio Renascença.

José Eduardo Borges de Pinho lembra também que se confrontou, em Roma, com a certeza de que o processo de canonização de D. Óscar Romero estava a ser bloqueado por “forças ideológicas”, tanto na Cúria Romana, “excluindo os Papas”, como em El Salvador.

O teólogo refere ainda neste artigo que os  processos de canonização devem ser “revistos e aprofundados”, através de um discernimento “mais célere, mais coerente, teológica e eclesialmente mais transparente”.

“Além disso, e entre outras coisas que será indispensável rever, está o percurso e a finalização destes processos: o reconhecimento eclesial tem de assentar na confiança de que Espírito Santo acompanha a Igreja nesse discernimento, relativizando assim a expectativa de que aconteçam sinais miraculosos por intervenção pontual de Deus”, afirma José Eduardo Borges de Pinho.

PR

Dos bloqueios de um processo à exemplaridade de Santo Óscar Romeno

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Agência ECCLESIA

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