História e tradições portuguesas no Dia de Reis As searinhas são semeadas a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, colocando alguns grãos de trigo, milho ou centeio em pequenos pires de louça ou de barro. Mal germinam, são cuidadosamente mantidas até ao Natal e usadas para decorar o presépio. No dia de Reis, as searinhas são transplantadas, com votos de boas colheitas para o ano novo que se aproxima, mas nunca dão espiga. Só se aproveitam as palhas que, segundo a crença popular, depois de cozidas são remédio para todas as dores. Esta é uma das tradições portuguesas feita no Dia de Reis. Em Castelo de Vide, diocese de Portalegre – Castelo Branco, é tradição pelo dia de Reis comer uma romã, que está guardada até esse tempo. Primeiro come-se cinco grãozinhos dizendo: “Em louvor dos Santos Reis”, por fim pede-se um desejo que não pode ser divulgado, pois caso isso aconteça, este já não se realiza. Tradições populares que o nosso povo guarda. Destas, a mais usual é o «cantar as janeiras». Até o Presidente da República é presenteado com estas quadras. Quem foram os Reis Magos? Os Reis Magos são personagens que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino, em Belém (Mateus 2, 1-12). Este episódio foi apenas relatado no Evangelho de S. Mateus e, mesmo assim, de forma muito resumida. A designação “Mago” era dada, entre os Orientais, à classe dos sábios ou eruditos, contudo esta palavra também era usada para designar os astrólogos. Isto fez com que, inicialmente, se pensasse que estes magos eram sábios astrólogos, membros da classe sacerdotal de alguns povos orientais. Posteriormente, a Igreja atribuiu-lhes o apelido de “Reis”, em virtude da citação liberal no Salmo 71,10. Quanto ao número e nomes dos Reis Magos são tudo suposições sem base histórica, aliás algumas pinturas dos primeiros séculos mostram 2, 4 e até mesmo 12 Reis Magos adorando Jesus. Foi uma tradição posterior aos Evangelhos que lhes deu o nome de Baltazar, Gaspar e Belchior (ou Melchior), tendo-se também atribuído a cada um características próprias. Belchior (ou Melchior) seria o representante da raça branca (europeia) e descenderia de Jafé; Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e seria descendente de Sem; por fim, Baltazar representaria todos os de raça negra (africana) e descenderia de Cam. Estavam assim representadas todas as raças bíblicas (e as únicas conhecidas na altura: os semitas, os jafetitas e camitas. A adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus simboliza a homenagem de todos os homens ao Rei dos reis, mesmo os representantes do tronos, senhores da Terra, curvam-se perante Cristo, reconhecendo assim a sua divina realeza. Presentes ao Menino Para além desta interpretação, os Reis Magos simbolizam também que os poderosos e abastados devem curvar-se perante os humildes, despojando-se dos seus bens e colocando-os aos pés dos demais seres humanos, ou seja, devem partilhar a sua fortuna com os mais pobres. O dia de Reis celebra-se a 6 de Janeiro, partindo do princípio que foi neste dia que os Reis Magos chegaram junto ao Menino Jesus. Em certos países é neste dia que se entregam os presentes. Ao chegarem ao seu destino, Belém, os Reis Magos ofereceram presentes ao Menino: Ouro (oferta de Belchior) – representa a Sua nobreza -; Incenso (de Gaspar) – representa a divindade de Jesus-; Mirra (oferecido por Baltasar) – a mirra é uma erva amarga e simbolizava o sofrimento que Cristo enfrentaria na Terra, enquanto salvador da Humanidade, também simbolizava Jesus enquanto homem. Assim, os Reis Magos homenagearam Jesus como Rei (ouro), como Deus (incenso) e como Homem (mirra). A Adoração dos Reis Magos na arte portuguesa O tema da Natividade está intimamente ligado à construção do Mosteiro dos Jerónimos. O próprio simbolismo da área, Belém, nome do local do nascimento de Cristo, para onde se dirigiram os três Reis Magos vindos do Oriente, levou o Rei D. Manuel I a edificar um grande Mosteiro em invocação de Santa Maria de Belém ou Nossa Senhora dos Reis. A Natividade, ou melhor, a Adoração dos Reis Magos, forma logo à partida, na Igreja de Santa Maria de Belém, um eixo Ocidente/Oriente (Portal Principal e Capela-Mor), com duas das representações mais marcantes existentes neste Mosteiro. A encimar o Portal Principal da Igreja, três grupos escultóricos, colocados em nichos perspectivados, mostram-nos, em narrativa, a Anunciação, a Natividade e a Adoração dos Magos. Este portal, primeira obra do Renascimento em Portugal, foi executado por Nicolau de Chanterene em 1517, a partir de um projecto de Diogo de Boitaca. Os reis Magos representam as três partes do mundo conhecido de então: Ásia, África e Europa. Estes três continentes correspondem às três raças entre as quais se divide o género humano, provenientes dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafet. No local do painel central, hoje desaparecido, foi colocado um sacrário em prata que representa na porta a cena daquela pintura, criando, assim, uma continuidade narrativa com os painéis que o ladeiam. Também o facto da primeira pedra para a sua construção ter sido colocada, segundo a tradição monástica, no dia 6 de Janeiro de 1501 (Dia de Reis), invoca, uma vez mais, o mistério da Epifania, o da manifestação de Jesus aos Povos do mundo inteiro. Na arte ocidental de finais da Idade Média, a Natividade torna-se numa cena de Adoração, centrada na Virgem ajoelhada, de mãos juntas, frente ao Menino nu e luminoso, deitado numa manjedoura ou sobre o seu manto. Com o passar dos séculos e, reflectindo as representações teatrais dos Mistérios, a Natividade alarga-se, na arte europeia, a dois temas complementares; a Adoração dos Magos e a Adoração dos Pastores. Estes dois temas imprimiram à Natividade um carácter de espectacularidade, pela sua encenação, apresentando uma multidão de figurantes. Tradições populares Entre o dia de Natal (25 de Dezembro) e o dia de Reis (6 de Janeiro), as pessoas vivem em espírito natalício. Para celebrar o nascimento vão de casa em casa entoando cantares junto a cada presépio e levam consigo um balaio com o Menino Jesus, para as pessoas beijarem e contribuírem com uma esmola. De Norte a Sul esta tradição ainda se mantém viva: de crianças a idosos, de grupos folclóricos a jardins de infância. Cânticos populares onde se anuncia que o Rei nasceu.