Com 33 anos, tenho super-heróis. Os meus super-heróis não vivem só em Nova Iorque e as minhas super-heroínas não voam sobre arranha-céus.
Os meus super-heróis passam desapercebidos na rua mas costumam ter sempre uma cruz com eles que os distingue silenciosamente dos outros.
As minhas super-heroínas sabem sorrir e cuidar como ninguém; acredito que são mães sem que Deus algum dia lhes tenha soprado vida no ventre.
Um outro nome que pode ser dado aos meus super-heróis é consagrados.
Um consagrado não gosta da ideia de ser um super-herói mas a heroicidade está-lhes no sangue. Desconfio que Deus terá visto que estas pessoas tinham o verdadeiro FACTOR X, e para mim, o verdadeiro FACTOR X chama-se Amor. Deus terá visto neles um canal de amor extraordinário, um canal do seu amor pelos homens.
As razões que levavam uma mulher para o convento ou um homem para o seminário há 40 anos atrás eram efetivamente diferentes daquelas que se apresentam hoje. Um jovem que entra agora para uma congregação sabe o que ganha e o que vai deixar para trás. Efetivamente, há 30-40 anos, o mundo cá fora era bem menos atraente.
Jovem ou mais velho, o super-herói não abre mão da sua fé nem dos seus irmãos. Ele sabe que os mais pobres e os mais frágeis são os escolhidos.
Um dia perguntei a mim própria o que devia fazer com os meus super-heróis: ajudá-los no que podia na sua missão e experienciá-los sozinha? Ou mostrá-los como exemplo, dando-os a conhecer?
Num mundo onde são tantas as pessoas que não encontraram ainda um verdadeiro sentido para a sua existência, que estão perdidos, não deveria partilhar o meu conhecimento da vida destes super-heróis com quem quisesse vê-los?
Por que não mediatizar o BEM, a intencionalidade do BEM? Que tal mostrar em televisão ou em redes sociais o trabalho de consagrados?
Se os Doze fizeram tanto pela Revelação de Deus, por que é que nós, com tantos séculos de distância e em muito maior número, continuamos timidamente a fazer tão pouco com os meios e as redes de comunicação que temos ao nosso dispor?
Não posso terminar este artigo sem dizer que apesar de super-heróis, cada consagrado tem em si um coração humano, que certamente bate à mesma velocidade que o meu. Imagino que também deva errar ou sentir-se cansado. Acredito que não há mal algum nisso. Deus escolheu fazer deles super-heróis mas nunca lhes negaria humanidade: ela faz parte do caminho.
Afinal, também o homem-aranha tira a sua capa, no fim do dia, quando chega a casa para jantar.
Inês Leitão